São Paulo, 26/12/2017 - A extensão do período de plantio da soja no Paraná até 14 de janeiro, conforme autorizado na portaria 345 de 20 de dezembro emitida pela Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), não é uma medida adequada do ponto de vista fitossanitário. Quanto maior a janela de semeadura, maior a possibilidade de mutações de fungos nos locais onde os fungicidas atuam, alertaram em nota a Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), o Comitê de Ação à Resistência de Fungicidas (Frac-BR) e o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg).
"Sob o ponto de vista fitossanitário, a medida não é adequada, pois aumenta o risco de resistência aos fungicidas, o que já vem sendo corroborado por pesquisadores fitopatologistas", disseram as entidades no comunicado.
Andef, Frac-BR e Sindiveg chamaram atenção também para a ampliação do prazo de plantio da soja no Estado, nos casos de cultivos em sucessão às culturas de milho ou feijão, ser autorizada em caráter de excepcionalidade para solucionar um problema climático pontual. "Sob qualquer hipótese, poderá ser extrapolada para situações ou em outros Estados do País."
As entidades disseram ainda que é necessário, futuramente, discutir a relação custo-benefício do cultivo da soja tardia após o plantio de milho ou feijão em virtude do risco sanitário, pelo maior período de "existência de plantas vivas de soja no campo em um período em que as condições climáticas favorecem as doenças e não o desenvolvimento da soja". Para as três organizações, medidas que possam comprometer a defesa das lavouras devem ser precedidas por ampla discussão com especialistas, tendo em vista as dificuldades, no País, de pesquisar e aprovar produtos fitossanitários à base de novos ingredientes ativos. (Clarice Couto - Clarice.couto@estadao.com)
