Na corrida do ouro cripto, qual influencer poderia mexer mais com o debate público que o sujeito mais rico do mundo?
1 de fevereiro de 2025
Por Aramis Merki II
A rede blockchain é considerada a pedra fundamental da Web 3.0, fase em que as interações digitais deixarão de ser mediadas e os usuários têm maior controle dos próprios dados. Assim como é utópico pensar que a internet está em vias de se tornar totalmente descentralizada, também é óbvio que atores poderosos no mundo real usam seus recursos na corrida do ouro cripto. E qual influencer poderia mexer mais com o debate público que o sujeito mais rico do mundo? Talvez o presidente dos Estados Unidos?
Após um primeiro mandato reticente à cripto, Donald Trump absorveu o discurso de que o bitcoin é o futuro das finanças. Na campanha, prometeu que o país terá uma reserva estratégica com o ativo. Foi ainda mais longe, quando a família Trump, há poucos dias da posse do seu frontman, colocou no ar a moeda digital $Trump.
Em 24 horas, a moeda sem função no sistema cripto ou fora dele, portanto especulativa, atingiu US$ 15 bilhões em valor de mercado, segundo o CoinMarketCap. Horas antes da cerimônia que marcou o início da segunda gestão do republicano, alcançou a máxima de US$ 7 bilhões em valor de mercado.
Como 80% das moedas não foram liberadas para negociação, a quantia que ficou com empresas afiliadas ao Trump Group representava uma fortuna maior do que império imobiliário do empresário-presidente. Mas, como é típico em um ativo sem fundamentos, a moeda logo se desvalorizou fortemente. Na sexta-feira, 31, a $Trump valia US$ 5,18 bilhões, uma queda de mais de 65% desde a máxima.
O termo meme não é nativo digital. A palavra tem sua origem no livro “O Gene Egoísta” (“The Selfish Gene”), publicado em 1976 pelo biólogo evolucionista Richard Dawkins. Dawkins criou o termo “meme” para descrever uma unidade de informação cultural que se propaga de pessoa para pessoa. Ele usou o termo para explicar como as ideias, comportamentos e estilos se espalham dentro de uma cultura, de maneira análoga à transmissão genética.
Quando o ambiente é propício, os memes viralizam – em outro termo emprestado da biologia. As meme coins se proliferam, sobretudo, em momentos aquecidos do mercado cripto como o atual. E existem os agentes catalisadores para a disseminação, como Trump e Elon Musk, entusiasta da moeda meme Dogecoin. Nestes casos, mais uma alusão às ciências biológicas: há relação de simbiose entre os dois poderosos, que se beneficiam ao estimular o mercado cripto e os ativos aos quais colam suas imagens.