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A avaliação foi feita durante evento Prêmios Broadcast, que ocorreu na noite de ontem, em São Paulo
4 de junho de 2025
Por Caroline Aragaki, Eduardo Laguna, Francisco Carlos de Assis e Daniel Tozzi Mendes
O economista e professor da Universidade de Nova York Nouriel Roubini considera que o Brasil tem uma situação com prós e contras. Do lado positivo, o crescimento econômico e a renda vão bem, a taxa de desemprego está muito baixa e há um dinamismo grande nas exportações de commodities. Contudo, do lado negativo, a consolidação fiscal ainda é um desafio.
A avaliação foi feita durante evento Prêmios Broadcast, que reconheceu os melhores analistas e empresas do mercado financeiro na noite de ontem, em São Paulo. Segundo Roubini, o déficit está elevado e ainda é difícil o Brasil alcançar o déficit zero, meta fiscal do governo Lula.
“O Brasil precisa fazer reformas para elevar o crescimento potencial, reduzindo a corrupção e as burocracias”, segundo o economista, reconhecido pela precisão na análise de riscos globais e por ter antecipado a crise financeira de 2008.
Para Roubini, dependendo do resultado da eleição pode haver uma consolidação fiscal com mais reformas, ou a situação pode continuar igual. “Se mantiver o status quo, pode ter problema”, disse, frisando que a estabilidade da dívida pública não é suficiente, sendo “necessário melhorar alguns pontos, pois há choques domésticos e ameaças internacionais” no radar.
Outro ponto mencionado por ele é o de que é preciso manter a independência do Banco Central (BC).
O economista relativizou a força e a representatividade do grupo de países que formam o acrônimo BRICS (Brasil, Rússia, Índia e África do Sul).
“Eu sempre achei o acrônimo BRICS meio forçado porque diziam que cresceriam mais que os Estados Unidos”, disse. Ele observou também que a China, antes da pandemia, crescia à razão de 10% ao ano, mas que depois passou a crescer em torno de 5% e agora, com os ventos contrários, deverá crescer de 3% a 4%.
No caso do Brasil, segundo o economista, trata-se de um país grande, com mais de 200 milhões de habitantes, mas que sempre manteve o potencial de crescimento de 2%, 3%.
“No grupo dos BRICS, somente a Índia tem potencial para crescer de 6% a 7%. Então, não acho que o BRICS pode crescer muito”, disse Roubini.
Mais que isso, ele criticou o fato de que, dentro do BRICS, há países com regimes políticos autocráticos, como Rússia e China. E há democracias como Brasil e Índia, mas com a Índia sendo rival da China.
“O BRICS é legal, são países diferentes, que se conversam, mas que têm uma visão muito diferente de mundo”, criticou.
Para Roubini, a hegemonia e as reservas globais do dólar não devem desaparecer no futuro, mesmo que muitas pessoas não gostem da moeda americana. “Alguns podem não gostar do dólar, mas não há como substituí-lo por nada”, disse o economista, frisando que não acredita que a moeda chinesa tenha condições de ser esse substituto.
Durante sua fala, Roubini reforçou por diversas vezes que a “disciplina” do mercado nos EUA torna quase indiferente quem ocupa o cargo de presidente dos EUA e que, por isso, o dólar eventualmente pode até ficar mais fraco, mas será um movimento bastante gradual.
“Mesmo que haja essas tarifas exorbitantes, os EUA continuariam importando capital do mundo inteiro”, disse ele, reforçando que essa grande entrada de capital impedirá um enfraquecimento mais significativo do dólar. Para Roubini, as moedas fortes continuarão sendo a dos países considerados “líderes” que têm mais poder não só comercial, mas também militar.
O economista pontuou na sequência que esse cenário, em que os EUA se recupera e consegue crescer sua economia a uma taxa de 4% ao ano, ao mesmo tempo que a China mantém esse nível de crescimento é um cenário bastante positivo para todo o mundo.
Especificamente em relação à América Latina, Roubini citou que o Brasil pode se aproveitar desse cenário a partir, por exemplo, dos investimentos cada vez maiores dos potenciais globais em tecnologias. “Data Centers podem vir para o Brasil a um preço mais barato que nos EUA”, disse o economista, citando o potencial de produção de energia barata do País.
A inovação tecnológica e a adoção crescente da inteligência artificial podem levar a uma substituição de trabalhadores, disse Roubini. Porém, ponderou, essa revolução também vai gerar mais crescimento econômico, cuja riqueza pode ser distribuída às pessoas que ficaram para trás.
O economista fez uma avaliação positiva sobre os efeitos das novas tecnologias na produtividade e, consequentemente, no potencial de crescimento da economia global. Dando como exemplo a economia dos Estados Unidos, ele entende que o potencial de crescimento pode chegar a 6% na próxima década.
“É melhor viver em mundo que cresce 6%”, comentou o economista, que se notabilizou mundialmente ao antecipar a crise financeira de 2008. Segundo Roubini, governos podem, a partir de políticas distributivas, como taxar os “vencedores” da revolução tecnológica, fazer com que os ganhos cheguem também a quem perdeu com a adoção das novas ferramentas de trabalho.
Ele reconheceu que existe um dilema entre ganhos de produtividade e desemprego, mas projetou que, no curto prazo, a tendência é de que haverá mais emprego, mesmo com a adoção das tecnologias.
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