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Alexandre Silveira ganha apoio da Câmara para seguir em Minas e Energia

Ministro chegou ao cargo por indicação do ex-aliado Rodrigo Pacheco

24 de janeiro de 2025

Por Caio Spechoto e Sofia Aguiar

Afastado do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e com possibilidade de perder o cargo na reforma ministerial aguardada para fevereiro ou março, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ganhou o apoio da bancada do PSD na Câmara, e a situação pode dificultar uma eventual troca na pasta durante a reorganização que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá fazer em seu primeiro escalão.

Silveira e Pacheco foram aliados próximos por anos. O hoje ministro foi alçado ao cargo por indicação do presidente do Senado. Agora, os dois vivem um afastamento político. Pacheco e Davi Alcolumbre (União-AP), favorito para ser o próximo presidente do Senado, comunicaram ao Planalto semanas atrás que o ministro de Minas e Energia já não contempla o acordo firmado no início do governo. Dessa forma, a permanência de Silveira no primeiro escalão se tornaria cota pessoal do presidente, não mais uma indicação da legenda.

Alexandre Silveira, porém, tem atendido aos deputados do PSD, seu partido. A legenda tem bancadas relevantes em Estados onde há muita mineração ou petróleo, como Minas Gerais, Rio de Janeiro e Pará. A força política do Ministério de Minas e Energia é maior em locais com essas características. A capacidade política de um ministério no Rio de Janeiro é especialmente importante para o partido porque o prefeito da capital do Estado, Eduardo Paes, quer ser candidato a governador.

Outro motivo que faz a bancada pessedista na Câmara ter interesse no MME é a Comissão de Minas e Energia da Casa, presidida pelo partido. O colegiado serve para discutir projetos para a área e tem emendas de comissão para destinar a projetos executados pelo Ministério de Minas e Energia.

Um fator que vai além de acordos entre o governo e os partidos políticos também pesa a favor de Silveira. Ele se aproximou de Lula e da primeira-dama, Janja Lula da Silva, ao longo desses dois anos de governo. Também tem afinidades com o ministro da Casa Civil, Rui Costa. Diante dessas relações, interlocutores do governo avaliam que é possível que Silveira saia da cota partidária e migre para a pessoal de Lula nas próximas semanas.

Nos últimos dias, o governo deu início a conversas com partidos de fora da esquerda para entender quais são as demandas das siglas para apoiar a gestão Lula em seus dois anos finais – e em uma eventual reeleição em 2026. Na terça-feira, 21, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, esteve com o deputado Hugo Motta (Republicanos), favorito na eleição de presidente da Câmara, e com o secretário de Indústria e Comércio do Paraná, Ricardo Barros – deputado licenciado pelo PP e um dos políticos mais influentes do partido.

São esperadas conversas com as bancadas do PSD e do MDB na Câmara nas próximas semanas. Os emedebistas se dizem contemplados pela atual formação do ministério, com Renan Filho (Transportes), Jader Filho (Cidades) e Simone Tebet (Planejamento). Pessedistas, porém, têm dito nos bastidores que o ministério dedicado à bancada do partido na Câmara não atende às suas expectativas. Trata-se do ministério da Pesca, comandado por André de Paula, ex-deputado pela legenda.

Os deputados do PSD almejam o Ministério do Turismo no lugar da Pesca por ter mais capilaridade nos Estados e municípios. Caso consigam a troca, o provável nome para a nova pasta seria o próprio André de Paula. O Ministério do Turismo tem R$ 1,1 bilhão previsto no Orçamento de 2025 proposto pelo Executivo, enquanto o da Pesca tem R$ 257 milhões. Além disso, o Turismo é uma das principais atividades econômicas em regiões onde o PSD tem bancadas fortes, como o Paraná (por causa de Foz do Iguaçu), Rio de Janeiro e Bahia.

O desenho da reforma ministerial ainda está incerto, mas uma fonte que participa das conversas afirmou que um dos “nortes” das mudanças a serem feitas é aumentar o espaço do PSD da Câmara. Integrantes do partido alegam que eles entregam muitos votos ao governo no Congresso, mas que estão sub-representados na Esplanada. Além de Silveira e André de Paula, o outro pessedista atualmente no primeiro escalão do governo é o ministro da Agricultura, Carlos Favaro.

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