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Economistas consultados pelo Broadcast calculam que dado gira atualmente em torno de 2%
24 de outubro de 2024
Por Giordanna Neves
O crescimento econômico atual brasileiro está acima do potencial, sem indicativo de ociosidade no cenário, de acordo com economistas ouvidos pelo Broadcast. Para sustentar esse ritmo de expansão sem gerar pressões inflacionárias, o País precisará aumentar a capacidade produtiva no médio prazo, por meio de investimentos que reforcem tecnologias incorporadas e melhorias no mix de produção. O consenso, no entanto, é que a sustentabilidade da política fiscal trava um crescimento mais vigoroso, principalmente lastreado com investimento.
Economistas consultados pela reportagem calculam que o Produto Interno Bruto (PIB) potencial gira hoje em torno de 2%. O Núcleo de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) também avalia ser improvável que o produto potencial ultrapasse 1,6% ou 2,0%, considerando que a economia apresenta uma taxa de investimento em torno de 18% e uma produtividade total dos fatores (PTF) que cresce apenas cerca de 0,4%. Segundo o cálculo, a economia brasileira tem rodado acima da sua capacidade máxima produtiva desde o primeiro trimestre de 2023.
Os números estão abaixo da estimativa reverberada pelo Ministério da Fazenda, que tem citado um relatório publicado em julho pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para justificar um PIB potencial de 2,5%. Este dado é, inclusive, um ponto de divergência entre especialistas. O documento do FMI estima uma previsão de PIB a preços constantes para 2024 de 2,1%, e um hiato do produto (diferença entre o produto efetivo e o potencial) de 0,4%. Para 2028 e 2029, o FMI prevê um PIB de 2,5% e um hiato de 0%. A Secretaria de Política Econômica (SPE) da Fazenda não divulgou uma estimativa própria.
“O FMI não apresenta explicitamente a conta do PIB potencial, não tem isso no relatório. O que eles [Fazenda] fizeram foi olhar esse PIB lá de 2029, que seria 2,5%, de acordo com a estimativa do FMI, e disseram que hoje o PIB potencial já é de 2,5%”, disse ao Broadcast o economista e diretor-executivo do Instituto Mauro Borges (IMB), Erik Alencar de Figueiredo, ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo ele, uma diferença de 0,5% – entre o dado divulgado pela Fazenda e a estimativa do mercado – é muito significativa em termos de resultados nas contas públicas.
O PIB potencial mais alto, de acordo com Figueiredo, fundamenta a política do governo de ampliação do gasto público. “Se o PIB potencial é mais alto, eu posso continuar com a minha política de impulso fiscal, gastando mais, aumentando a dívida pública e isso não vai gerar inflação. Logo, o Banco Central não precisaria ser tão rígido com a sua taxa de juros”, disse. Ele cita ainda que o crescimento potencial mais alto melhora artificialmente o resultado fiscal estrutural. “Imagina uma relação resultado fiscal/PIB potencial. Se você infla esse denominador, você melhora os resultados fiscais estruturais”, explicou.
Toda essa discussão joga luz ao fato de que o País não tem tido grandes ganhos de produtividade para crescer de forma sustentável, sem gerar pressão inflacionária, além de manter ainda um baixo grau de investimento, na visão de especialistas. O último levantamento do Ipea sobre investimento líquido mostra que o estoque de capital cresceu apenas 0,6% em 2023. Este indicador é analisado na média móvel de quatro trimestres e traz evidências sobre a capacidade produtiva do País, sendo importante para estimar o PIB potencial brasileiro.
Na avaliação do economista-chefe da Leme Consultores e ex-diretor do Ipea, José Ronaldo Souza Júnior, apesar do crescimento robusto e do mercado de trabalho em ascensão, o cenário macroeconômico mantém-se com alto grau de incerteza, enquanto os investimentos, mesmo com a recuperação observada no primeiro trimestre deste ano, estão ainda em nível muito baixo. “O que mais prejudica é a incerteza em relação à política fiscal e à independência das agências reguladoras”, avaliou ao Broadcast.
Ele cita que, apesar do baixo crescimento da indústria nos últimos anos, o nível de utilização da capacidade instalada está acima da média histórica. Isso é explicado justamente pelo reduzido nível de investimento, em particular em máquinas e equipamentos, em muitos períodos insuficientes até mesmo para cobrir a depreciação do capital ao longo dos anos. O indicador mensal Ipea de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), – que agrega os investimentos em máquinas e equipamentos, na construção civil e em outros ativos fixos – teve avanço de 4,1% no trimestre móvel terminado em agosto de 2024 na comparação dessazonalizada, mas a taxa acumulada em 12 meses ainda é de apenas 1,5%.
O consenso entre economistas de mercado é de que um crescimento econômico sustentado depende de um rigor fiscal, com redução efetiva de gastos públicos, até para estímulo à ampliação de investimentos. Uma nota técnica do Ipea, formulada com base em revisão de literatura, mostra que a partir de um nível de endividamento acima de 75% do PIB, a política fiscal expansionista contribui para a redução do crescimento econômico – sendo que um crescimento de dez pontos percentuais (p.p.) na relação dívida/PIB resulta em uma queda no crescimento do PIB em torno de 23 pontos-base (bp). Hoje, a estimativa do governo é de que a dívida bruta feche 2024 em cerca de 77,5%, 77,7% ou 77,8% do PIB, como mostrou o Broadcast.
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