Selecione abaixo qual plataforma deseja acessar.

Fazenda aposta em blindagem de gastos com Dario Durigan sucedendo Haddad

Segundo apurou a Broadcast, se a substituição pelo atual secretário-executivo se confirmar, o fiscal poderia ser até fortalecido

17 de dezembro de 2025

Por Mateus Maia

Integrantes do Ministério da Fazenda avaliam que haverá pressão extra para gastos em 2026, por ser ano eleitoral, mas que a Pasta ficaria blindada caso o sucessor de Fernando Haddad seja seu secretário-executivo, Dario Durigan. Segundo apurou a Broadcast, se essa substituição se confirmar, o fiscal poderia ser até fortalecido.

Fontes ouvidas pela reportagem dizem que a única chance de enfraquecimento seria com uma mudança brusca de perfil na Fazenda ou no Ministério do Planejamento, que também deve perder sua ministra, Simone Tebet, para as eleições ano que vem.

O nome do secretário-executivo já teria sido indicado por Haddad ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O atual ministro deve se ausentar do comando da Fazenda antes mesmo da data limite, início de abril, para atuar na campanha à reeleição do petista, conforme informações da Folha de S.Paulo.

A decisão final será de Lula. E ele deve realizar essas conversas só em janeiro. Na Fazenda, a aposta interna e até torcida da equipe atual é que Durigan assuma a cadeira de Haddad. A ideia é que o atual ministro teria trazido propósitos para sua gestão que continuariam com a sucessão interna, sem enfraquecimento.

Há um receio, entretanto, de que o rearranjo de forças pós-descompatibilização seja pior para aqueles que tendem a barrar novos gastos. Para essa ala, Haddad e Tebet tinham capital político para segurar o ímpeto gastador de outras áreas do governo.

Durigan, por sua vez, é visto como linha dura nesse quesito. Segundo apurou a Broadcast, ele seria capaz de transitar muito bem com os líderes partidários no Congresso, assim como com os presidentes de ambas as Casas do Legislativo. Não haveria perda em relação ao que Haddad faz atualmente.

Ainda assim, a tendência é que haja mais gastos públicos por conta da eleição e da pressão por melhora na popularidade de Lula. Internamente, a análise é que este seria um movimento corriqueiro do ano eleitoral, uma tendência a aumentar um pouco os gastos.

A impressão na Fazenda seria de que Durigan conseguiria segurar qualquer movimento por gastança desenfreada e conseguiria manter um gasto “responsável” no ano eleitoral. Por conta das regras fiscais vigentes, qualquer nova despesa teria que ser compensada com corte de outras despesas ou aumento de arrecadação.

Em sua última visita à Câmara dos Deputados, Durigan foi duro ao criticar expansão de gastos e disse procurar um caminho do centro para o Orçamento público. Ele participou de um seminário, ao lado do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), sobre os dois anos do Arcabouço Fiscal. Ele afirmou buscar um equilíbrio dentro do governo: “Equilíbrio, que é uma palavra tão importante para o presidente Hugo [Motta], e que eu, dentro da equipe econômica, dentro do governo, também tenho buscado”.

E seguiu dizendo que não se pode seguir a cartilha da esquerda ou da centro-direita à risca: “Sem equilíbrio, se a gente quiser fazer gasto desproporcional, como muita gente à esquerda quer, nós não vamos levar o País para uma condição sustentável de crescimento, nós vamos possivelmente fazer um voo de galinha. Se for fazer o ‘arrocho’ só olhando para o fiscal, sem olhar para a população brasileira, como muita gente na centro-direita quer, também não vai dar certo, por isso que nós estamos buscando um caminho do meio”.

Durigan tem ocupado espaços antes destinados ao ministro, como na coletiva de imprensa pós-sanção da isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Ali, ele respondeu a perguntas que diziam respeito a muito mais que o tema, mas como prioridades para a Fazenda no Congresso, negociações de medidas e futuras propostas da Pasta.

O secretário-executivo já faz até promessas. Logo depois de sair do evento na Câmara em que representou o ministro, ele afirmou a jornalistas que garantia superávit primário em 2026 caso a Câmara aprovasse um corte linear em benefícios tributários. O projeto começa a ser votado hoje e Durigan deve ser o responsável por entregar, ou não, sua promessa à frente da Fazenda em 2026.

Veja também