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No 1º semestre do ano, volume de debêntures negociado subiu 22,6%, para R$ 410,1 bi, aponta a Anbima
5 de agosto de 2025
Por Cynthia Decloedt e Altamiro Silva Junior
A indústria de infraestrutura para o mercado vem se movimentando a passos largos para não deixar escapar a oportunidade de se posicionar no bilionário mercado secundário de títulos emitidos por empresas, como debêntures, certificados de crédito imobiliário (CRI) e do agronegócio (CRA).
Somente nos primeiros seis meses de 2025, o volume de debêntures negociado no mercado secundário – o maior entre os títulos de crédito privado – cresceu 22,6%, atingindo o patamar recorde de R$ 410,1 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
É mais do que o dobro do volume captado no mercado primário de debêntures, que somou R$ 192,7 bilhões no mesmo período, e deve continuar crescendo pela frente, inclusive com a chegada de empresas de menor porte facilitada pelas novas regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a partir de 2026.
B3, Bee4, CSD e SL Tolls já estão se preparando para abocanhar um pedaço deste mercado, seja das grandes ou das pequenas companhias, por meio da oferta de um ambiente de negociação e estruturas para o registro e liquidação. Cada uma delas está em diferente estágio, mas o fato é que a movimentação mostra que finalmente o mercado de crédito privado ganhou corpo.
A B3, que já tem uma história centenária em negociação de ações, relançou no ano passado sua plataforma para negociação de títulos de renda fixa, envolvendo públicos e privados. A Bee4 e a SL Tolls vieram com estratégias semelhantes este ano, enquanto a CSD BR está autorizada desde dezembro do ano passado a registrar a emissão, depositar e liquidar debêntures.
Embora este seja um grande mercado, a dinâmica de negociação destes títulos é bem diferente do que a das ações, que têm um livro central de ordens e papéis padronizados. Os negócios com títulos de crédito privado ocorrem no chamado mercado de balcão, fechados privadamente entre as partes, e não há publicidade de preços.
Portanto, esse deve ser o grande desafio das empresas que vão agora testar este mercado, junto a bancos e corretoras, que já têm seus próprios ambientes de negociação, que concentram hoje quase todo o volume do mercado.
O que está sendo agora proposto pelas empresas de infraestrutura de mercado é a concentração de parte do volume de transações em uma única plataforma, com ordens de compra e venda expostas e negócios fechados ao melhor preço. A expectativa dessas companhias é de que, por meio de funcionalidades e ferramentas de gestão e investimento, possam atrair pelo menos parte do mercado.
Barreira cultural
A B3 reinaugurou em novembro do ano passado sua plataforma de negociação de operações de títulos de renda fixa, públicos e privados, que passou a ser chamada Trademate. Desde então, nenhuma negociação com papéis de crédito privado foi feita. “Não há uma barreira tecnológica, mas cultural, na forma que o mercado está acostumado a operar”, disse o vice-presidente de produtos e clientes da B3, Luiz Masagão.
Todas as negociações do mercado secundário de títulos de crédito privado passam pela B3, por meio do registro, liquidação e custódia. Desde janeiro, foi registrado na B3 um volume de R$ 786 bilhões em negociações feitas de forma privada no mercado de títulos de crédito público e privado.
“É utópico pensar que todos os players desse mercado estarão dispostos a colocar ofertas de compra e venda na nossa tela”, afirma. Mas ele acredita que deve haver inicialmente aderência para que venham para a tela ao menos os papéis mais líquidos, os quais o mercado já conhece os detalhes.
Para enfrentar a resistência cultural, Masagão afirma que a ideia da B3 é abordar os gestores, que estão na ponta compradora, e podem arrastar os vendedores a mostrarem seus preços. A B3 estuda os caminhos, entre eles a contratação de market makers (formadores de preços) e melhorias na divulgação de preço e publicidade de informação de mercado, para que a ordem ganhe relevância e o preço na tela seja melhor do que quando a operação é feita no balcão.
Masagão comenta ainda que instrumentos de negociação bilateral, onde o comprador envia pedido de compra para alguns vendedores e executa na plataforma, também são visto como opção. De acordo com ele, este é o modelo internacional. Mesmo nos Estados Unidos, observa ele, que é o principal mercado de títulos de crédito privado e uma referência, a tela é capaz de atrair 50% dos negócios. “A imensa maioria opera no modelo bilateral”, afirma.
Concorrência
A SL Tools quer colocar em operação em breve sua plataforma de títulos de crédito privado de empresas e bancos. “Em setembro já estaremos aptos a operar todas as debêntures, CRAs e CRIs depositadas na B3. Vamos operar e a B3 vai liquidar”, diz o CEO e cofundador da SL, André Duvivier. Mas apesar de utilizar a B3 para a “cozinha” das transações, a proposta da companhia é ter um ambiente de negociação que concorra com a Bolsa.
Para ele, a competição é natural, à medida que o amadurecimento do mercado de crédito privado e a tecnologia permitem que esse setor ganhe escala. “Virou uma classe de ativos que o brasileiro aprendeu a investir e vai continuar crescendo porque o juro sempre será alto no Brasil”, acrescenta.
A entrada em vigor do Regime Fácil em janeiro de 2026, para facilitar o acesso de empresas de menor porte ao mercado de capitais, deve aquecer ainda mais o mercado de crédito privado. É nesse nicho que está de olho a Bee4, que nasceu focada nas “menores” como o primeiro mercado regulado além da B3 para emissão de ações.
A Bee4 recebeu aval da Comissão de Calores Mobiliários (CVM) para operar no mercado com debêntures e notas comerciais. A sócia-cofundadora e CEO, Patricia Stille, destaca que existam ao menos R$ 2 trilhões no mercado com demanda direcionada para títulos privados de renda fixa, vindo de investidores como fundos de pensão e seguradoras.
A Bee4 mapeou 380 mil empresas no Brasil com faturamento anual entre R$ 5 milhões a R$ 500 milhões, ou seja, que atendem as regras do Fácil. Elas vão poder fazer emissões de ações e renda fixa de até R$ 300 milhões com regras mais simples e menos burocracias a partir de 2 de janeiro de 2026.
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