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Pela ótica dos estrangeiros, índice passou topo da pandemia, mas fica distante do de 2008
29 de novembro de 2025
Por Simone Cavalcanti e Luís Eduardo Leal
O Ibovespa encerrou a última sessão de novembro renovando nova máxima histórica de fechamento aos 159 mil pontos em termos nominais. Convertido em dólares, apesar do avanço, esse nível passou o pico da pandemia, de 29.400 pontos, alcançado em janeiro de 2020. No entanto, o índice ainda está longe do topo registrado em julho de 2008, segundo especialistas.
Naquela época, convertido para a moeda americana, o índice quase encostou nos 45 mil pontos, com o dólar girando em torno de R$ 2,20. Atualmente, está passou dos 30 mil pontos, com o dólar próximo de R$ 5,30. Para que o Ibovespa atingisse valores similares em dólares, precisaria se aproximar dos 240 mil pontos em termos nominais.
“Você ainda tem um potencial de valorização grande”, diz Filipe Villegas, estrategista de ações da Genial Investimentos. “Não é porque está na máxima histórica que não há potencial de valorização, muito pelo contrário. O grande participante do Ibovespa, o estrangeiro, enxerga o nosso mercado abaixo da metade do caminho em termos de potencial de valorização”, acrescenta.
Segundo ele, o EWZ, principal fundo de índice de ativos brasileiros negociado na bolsa de Nova York, registrou seu valor máximo em maio de 2008 e indica chance de forte valorização. “O potencial seria de mais de 200%”, avalia. Ele acredita que em 2026 o Ibovespa será impulsionado por empresas focadas na economia interna, de construção e, especialmente as small caps, com valor de mercado de até R$ 25 bilhões.
Para João Daronco, head do time de ações da Suno Research, outra métrica importante para aferir o momento atual do Ibovespa é a relação entre preço e lucro das empresas. A média histórica aponta para um preço médio equivalente a 11,5 vezes o lucro das companhias brasileiras. Atualmente, o indicador está em 10. No início de 2025, estava em 8. “O Ibovespa subiu também ajudado pelo lucro das empresas, que avançou”, diz.
Outro fator que favorece o Ibovespa é a recente movimentação global de recursos em direção a mercados emergentes, estimulada pela redução da taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano), o enfraquecimento do dólar e receios de um aumento exagerado nos preços de ações de inteligência artificial. “O ciclo de redução de juros é um catalisador de uma rotação global”, ressalta Raphael Figueiredo, estrategista de ações da XP.
Segundo Daronco, a bolsa tem potencial para subir mais 15%, considerando o múltiplo de preço sobre lucro, dependendo das condições macroeconômicas no Brasil e do fluxo estrangeiro. “Temos de ver o que vai ocorrer no ano que vem com as eleições”, que pode aumentar a volatilidade nos negócios com ativos brasileiros, acrescenta.
De janeiro a outubro de 2025, o fluxo de capital estrangeiro na bolsa foi positivo em R$ 25,3 bilhões, segundo a B3. A continuidade desse fluxo pode fortalecer a alta do Ibovespa, já que o capital externo costuma favorecer as chamadas blue chips, ações com grande volume de negociação e peso relevante no índice.
Os investidores domésticos, tanto institucionais quanto pessoas físicas, ainda se concentram na renda fixa, influenciados pela Selic a 15% ao ano e pela incerteza se haverá cortes pelo Banco Central em janeiro ou março de 2026. Há uma percepção no mercado de que o apetite por ações nesse grupo aumentará somente quando houver sinais mais claros quanto aos passos iniciais do BC em direção a juros mais baixos.
Força extrema
Em relatório, Fernando Siqueira, chefe de Research da Eleven Financial, aponta que o Índice de Força Relativa (IFR) do Ibovespa -uma métrica utilizada para verificar se está ‘sobrecomprado’ ou ‘sobrevendido’ – alcançou um dos níveis mais elevados em 11 de novembro, o último dia do rali de 15 pregões.
“Buscamos no histórico momentos em que o IFR alcançou níveis semelhantes e os resultados são consistentes: movimentos de realização no curto prazo, seguidos pela continuação da tendência de alta, antes que sinais mais estruturais de enfraquecimento surjam”, diz.
“Em 1997 e 1999, o padrão foi claro: correções rápidas, entre 4% e 7%, logo após o IFR extremo; retomada da alta e, apenas depois disso, divergências e quedas mais profundas provocadas por fatores externos ou perda de momentum”, acrescenta.
Em termos comparativos com outros mercados, até o dia 11, o Ibovespa subia 31% em reais e 54% em dólar, superando com folga o EEM, ETF de mercados emergentes, em alta de 34% no mesmo intervalo, segundo análise da XP assinada pelo estrategista-chefe e chefe de Research, Fernando Ferreira; Raphael Figueredo e Felipe Veiga, estrategistas de ações, e Lucas Rosa, estrategista quantitativo.
Neste período, o índice da B3 também teve um desempenho ligeiramente melhor em dólar, quando comparado ao México (+47%) e América Latina (+43%), conforme indica o levantamento.
Em conversas recentes com investidores locais, em São Paulo e no Rio de Janeiro, os especialistas da XP notaram questionamento recorrente sobre o que sustentou a alta aparentemente “imparável” do índice, que em 15 sessões avançou 13,6 mil pontos e acumulou ganho de 9,48%.
Além das condições globais, como a fraqueza do dólar e o direcionamento de capital para emergentes, fatores domésticos estão ganhando importância. Entre eles, a expectativa pelo início de cortes de juros no Brasil, a aproximação do chamado trade eleitoral (expectativa de candidatura competitiva à direita do espectro político, com perfil fiscalista) e uma temporada de resultados fortes no terceiro trimestre.
“Acreditamos que há espaço para uma correção de curto prazo, após uma sequência tão forte de valorização”, acrescenta a XP.
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