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Brookfield vende transmissoras e tem três interessados

Entre players do setor analisando a operação estão Isa Brasil, a chinesa State Grid e a Taesa

28 de agosto de 2025

Por Altamiro Silva Junior, Cynthia Decloedt, Gabriel Baldochi e Luciana Collet

As negociações para a venda dos ativos de transmissão de eletricidade da Brookfield avançam, com três grandes players do setor analisando a operação: a empresa de origem colombiana Isa Brasil, a chinesa State Grid, e a Taesa, controlada da Cemig e da ISA, de acordo com fontes. O fechamento da operação, no entanto, ficará para o ano que vem e deve movimentar entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões.

A State Grid é a mais avançada nas conversas, de acordo com as fontes. No momento, as empresas fazem as diligências nos ativos de transmissão para entrega de propostas vinculantes. Esta fase, em que os interessados apresentam ofertas firmes de preço, está prevista para setembro. “O negócio está andando, mas o martelo deve ser batido no começo de 2026”, disse uma fonte com conhecimento do assunto.

O bolso fundo da State Grid pode dar mais fôlego aos chineses na disputa pelos ativos. A empresa já investiu mais de R$ 30 bilhões e chegou a 16 mil quilômetros de linhas. Com isso, responde por cerca de 10% da rede de alta tensão no País, por meio de uma holding que controla 24 concessionárias. Entre elas estão, inclusive, linhas em ultra alta tensão que escoam a energia da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Adicionalmente, a State Grid está desenvolvendo um projeto em ultra alta tensão com as mesmas características, com 1.468 quilômetros, estimado em R$18 bilhões.

Isa Brasil e Taesa, por sua vez, têm investimentos em andamento em novos projetos, com potencial de alavancar o endividamento das empresas, condição que pode diminuir o poder de fogo na disputa. A Taesa encerrou junho com alavancagem em 4,1 vezes dívida líquida/Ebitda, prevendo alcançar 4,3 vezes até o fim do ano.

Já a Isa encerrou o segundo trimestre com indicador em 3,43 vezes e perspectiva de chegar perto de 4 vezes até 2027. O diretor-presidente da Isa Energia, Rui Chammas, sinalizou em teleconferência de balanço para investidores que “segue interessada em crescer receita”, inclusive por meio de aquisições, mas salientou que ser necessário preservar disciplina financeira.

A Brookfield já vendeu parte de seus ativos de transmissão e os demais já estão em fase de desinvestimento, considerando a lógica dos investimentos de fundos que precisam devolver recursos aos cotistas. A gestora canadense opera no segmento de transmissão sobretudo por meio da Quantum Participações, fundada em 2017 para gerir recursos do Fundo Brasil Energia. O fundo reúne atualmente quatro concessões de transmissão localizadas em estados do Nordeste, Sudeste e Sul do País, somando 3.139 quilômetros de linhas e 34 subestações em operação no País, de acordo com informações disponibilizadas pela empresa.

Procurados, Brookfield, Isa, Taesa não comentaram. A State Grid não retornou o pedido de comentário.

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