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Analistas veem como movimento típico do mercado quando setores pressionados cedem espaço a empresas mais previsíveis
30 de dezembro de 2025
Por Amélia Alves
A nova carteira teórica do Ibovespa para o período de janeiro a abril de 2026 sacramentou uma dança das cadeiras em sua composição. Com o minério de ferro acima de US$ 100 a tonelada, a Vale segue sendo a empresa de maior peso individual (11,387%). Mas, ao longo de 2025, a rotação de capital reduziu o espaço de ações ligadas ao setor de petróleo (especialmente a Petrobras) e, pela resiliência, aumentou o peso de bancos e Utilities.
Duas ações são exemplo desta mudança: Itaú Unibanco PN e Axia ON. Entre a primeira carteira teórica de 2025 e agora a de 2026, o banco tomou a posição da Petrobras PN e passou do terceiro para o segundo lugar no ranking dos maiores pesos do índice. Já a antiga Eletrobras saiu do sexto para o quarto.
Na avaliação de analistas ouvidos pela Broadcast, trata-se de uma evolução consciente do próprio mercado: setores pressionados, especialmente petróleo, cedem espaço a empresas domésticas, mais previsíveis, como bancos e companhias de energia elétrica e saneamento.
Não por acaso, os índices de Utilities (UTIL), Energia (IEEX) e do setor financeiro (IFNC) caminham para fechar o ano de 2025 entre os maiores ganhos setoriais, com respectivas altas de 58,39%, 53,88% e 42,29%, atrás apenas do índice Imobiliário (IMOB), que salta 67,11% até esta segunda-feira.
A leitura central é que as mudanças de posição no índice não ocorrem por acaso e acompanham o ajuste das carteiras ao ambiente de preços, juros e geração de caixa das empresas.
Nesse contexto, a Petrobras ON recuou da quarta para a quinta posição no Ibovespa, bem mais próxima de Axia e Bradesco PN. A diferença é de apenas 0,1 ponto porcentual no peso das três.
“Em um ano de incerteza global, o investidor escolheu quem depende menos de commodities e mais do ciclo doméstico”, explica o estrategista de ações da Santander Corretora, Ricardo Peretti. “Os bancos ganharam espaço porque entregaram o que o investidor mais procurava em 2025: previsibilidade”, acrescenta.
Além das ações ordinárias da Petrobras, as preferenciais também perderam tração no índice, de 8,184% para 5,960%. Em contrapartida, o peso da Vale ficou praticamente estável (de 11,889% para 11,387%). Dois papéis da cena doméstica com perfil de utilidade pública ganharam espaço: Axia ON (4,216%, ante 3,443% da antiga ELET3) e Sabesp (3,087%, ante 3,585%). No ano, a disciplina de capital do Bradesco fez efeito na cotação dos papéis e a ação PN saiu do 9º lugar (2,961%) para o sexto (4,116%).
Para o estrategista da Genial Investimentos Filipe Villegas o movimento confirma que o bom desempenho recente do Ibovespa veio principalmente de setores defensivos e domésticos. Segundo ele, a perda de espaço da Petrobras não é um evento isolado, mas parte de uma reorganização mais ampla do mercado, marcada por uma rotação natural entre as grandes ações.
Por sua vez, o analista da Empiricus Research Ruy Hungria destaca que a movimentação conjunta das principais blue chips é exceção, não regra, porque Petrobras, Vale e os grandes bancos respondem a vetores econômicos distintos.
Em sua percepção, é comum que essas ações sigam trajetórias diferentes ao longo do ciclo. A própria Petrobras, lembra ele, já foi tanto um freio quanto um sustentáculo do Ibovespa em diferentes momentos.
Olhando para 2026, Hungria avalia que os motores de Petrobras e da própria Vale parecem menos favoráveis, diante de um mercado de petróleo ainda fraco e das incertezas sobre o ritmo de crescimento da China, especialmente do setor imobiliário, fator-chave para uma maior demanda por minério de ferro.
Em contraste, o analista da Empiricus vê perspectivas mais construtivas para ativos domésticos, especialmente os bancos, “que tendem a se beneficiar de um cenário de queda da Selic e, eventualmente, de um ambiente político mais favorável ao mercado”.
Apesar do bom desempenho do Ibovespa em 2025, que caminha para encerrar o ano com valorização acima de 30%, o avanço foi desigual entre os setores. Enquanto a Bolsa brasileira se destacou entre os emergentes, apoiada por dólar mais fraco (queda de 10% frente ao real) e pelos cortes de juros nos Estados Unidos, as commodities enfrentaram um cenário mais desafiador neste exercício de 2025, reduzindo o protagonismo, sobretudo, da Petrobras, que fecha o ciclo com perdas de 11,10% (ON) e 7,27% (PN), e R$ 82 bilhões a menos em valor de mercado.
“Sob uma ótica mais tática, o cenário favorece uma alocação maior em bancos do que em empresas ligadas ao petróleo”, afirma Villegas, da Genial, ressaltando que a perda de espaço da Petrobras representa um reposicionamento temporário dentro de um mercado em rotação.
Entre os destaques positivos, Axia e Sabesp destravaram valor em 2025. A Sabesp, desestatizada em meados de 2024, encerra o período com valor de mercado acima de R$ 93 bilhões, o maior da sua história na Bolsa, após ganho superior a R$ 30 bilhões em 12 meses. Já a Axia, privatizada em 2022, só conseguiu demonstrar ganhos de eficiência, e com mais clareza, três anos depois. Os balanços do segundo e do terceiro trimestres marcaram a virada de chave para um rali que elevou seu valor de mercado para cerca de R$ 110 bilhões.
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