Selecione abaixo qual plataforma deseja acessar.

Bandeira tarifária pode ficar vermelha por mais tempo em 2026

Para especialista do Grupo Bolt, há dúvida se é escala 1 ou 2, pois a amarela é pouco provável e verde seria praticamente impossível

26 de dezembro de 2025

Por Luciana Collet

Os consumidores de energia elétrica podem enfrentar em 2026 maiores cobranças de bandeira tarifária em suas contas de luz do que o verificado neste ano, com mais meses de acionamento de bandeira vermelha. O alerta é do especialista em inteligência de mercado do Grupo Bolt, Matheus Machado.

De acordo com ele, a bandeira verde, sem cobrança adicional, está praticamente garantida para o primeiro trimestre, pela próprias regras de definição das bandeiras tarifárias. Já para a segunda metade do ano, ele vislumbra grandes chances de uma prevalência da bandeira vermelha, com cobrança adicional entre R$ 4,46 e R$ 7,87 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.

“A dúvida é se vermelha 1 ou vermelha 2; a bandeira verde, na minha visão, é praticamente impossível [no segundo semestre]; a amarela é uma possibilidade muito pequena”, disse Machado à Broadcast. Inicialmente, o especialista trabalha com a previsão de cobrança adicional a partir de maio, com o início do período seco.

A visão é compartilhada pelo diretor de Comercialização da Armor Energia, Fred Menezes. Ele também considera que a partir do segundo trimestre de 2026 a expectativa é de retorno à bandeira amarela, com possibilidade de bandeira vermelha entre agosto e outubro. “Ainda é cedo para afirmar com certeza, mas o início do período úmido não foi tão favorável quanto o esperado. As chuvas de dezembro ficaram abaixo das projeções, o que pode resultar em preços mais altos em 2026 em comparação a 2025”, disse.

Os cenários traçados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) ainda não mostram com clareza uma tendência de acirramento das bandeiras. Considerando as três diferentes sensibilidades testadas para o período inteiro de 2026, apenas uma mostra um maior número de acionamentos da bandeira vermelha 2 no ano que vem. Neste caso, seriam quatro meses no maior patamar de cobrança, entre junho e setembro, e um mês de vermelha 1, em outubro. Nos demais cenários, seria acionada apenas a vermelha 1, por um ou três meses.

São traçados outros dois cenários com prazo mais curto, até junho de 2026. Em um deles, a perspectiva é de bandeira verde durante todo o primeiro semestre. No outro, haveria bandeira vermelha 1 em maio e amarela em junho, também apontando uma condição mais adversa.

Neste ano, o País conviveu com quatro meses de vermelha 1 (junho, julho, outubro e novembro) e dois meses de vermelha 2 (agosto e setembro), além de dois meses de amarela (maio e dezembro).

PLD elevado

Os especialistas explicam que a perspectiva é de que os preços de curto prazo da energia, tecnicamente conhecido como Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), devem ficar mais altos em 2026 do que os observados em 2025. Adicionalmente, as condições hidrológicas tendem a ser piores. Ambos os fatores são os principais gatilhos para o acionamento das bandeiras tarifárias.

Machado afirma que de outubro até agora o volume de água que chega ao reservatório das hidrelétricas, a Energia Natural Afluente (ENA), ficou em 73% da média histórica no Sudeste/Centro-Oeste, subsistema que concentra cerca de 70% da capacidade de armazenamento do País. No ano passado, a ENA chegou a 83% durante o ciclo hidrológico. “Pode ser que melhore e surpreenda, mas não temos nem memória nem previsão de alguma virada mais forte nas chuvas”, disse.

Ele alerta também que, para fins de armazenamento de água nos reservatórios, mais importante que um período de chuvas intensas é a constância das precipitações, proporcionando solo molhado e maior aproveitamento da água nos reservatórios. Adicionalmente, ele cita que 2026 deve começar com um volume de energia armazenada nas usinas entre 3% e 3,5% mais baixo que o verificado no início de 2025.

“Acredito fortemente que a Energia Armazenada vai iniciar o período seco (em maio) num ponto inferior ao que foi esse ano, enquanto a carga tem tudo pra ser mais alta. Como o modelo [matemático usado para calcular o PLD] não mudou, já temos a referência do ano anterior e, na minha opinião, não tem muita dúvida desse cenário de vermelha, quem sabe vermelha 2. por mais tempo em 2026”, disse.

Veja também