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Selic alta impulsiona ganho de ações defensivas

Perspectiva de juro alto por mais tempo leva Índice de Utilidade Pública a máximas históricas em setembro

1 de outubro de 2025

Por Vinícius Novais

A perspectiva de juros domésticos altos por mais tempo impulsionou os ganhos de ações defensivas na B3 em setembro. Esse movimento levou o Índice de Utilidade Pública (UTIL) a máximas históricas. Entre os principais indicadores setoriais, ele foi o que teve a melhor performance no mês, com avanço de 7,21%.

Sabesp ON (19,964%) e Eletrobras ON (19,419%) são as duas companhias de maior peso do UTIL e também se destacaram no período, com ganhos de 8,09% e 17,13%, respectivamente. Os papéis ganharam impulso particular quando, em 17 de setembro, o Banco Central manteve a taxa Selic inalterada em 15% e adotou tom mais conservador, numa tentativa de conter apostas de corte ainda este ano.

Em tese, juros altos por mais tempo prejudicam o setor imobiliário. A Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) reduziu a previsão de alta nas vendas do segmento em 2025 diante do aperto monetário. Contudo, o Índice Imobiliário (IMOB) registrou a segunda maior valorização entre os setoriais da B3, subindo 6,63% no mês.

O estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, vê as empresas do setor driblando o mau momento para os juros com apoio de estímulos estatais, que garantem funding e travam taxas de financiamento. O principal deles, o Minha Casa, Minha Vida (MCMV), teve ampliação de R$ 18 bilhões em seu orçamento com recursos do Fundo Social do Pré-Sal.

As ações de construtoras de imóveis voltados às linhas mais populares, nas faixas 1 a 3, são justamente as que puxam o movimento. Um dos destaques foi a Direcional, que subiu 4,66% no mês e atende a esse público.

Além disso, observa o estrategista, muitas companhias anunciaram lançamentos próprios e transações com fundos imobiliários. Cruz destaca a JHSF, que avançou 14,64% em setembro.

O Índice Financeiro (IFNC) teve a terceira maior alta, avançando 4,23%, e também se beneficiou de receitas atreladas aos juros. Para Cruz, com a taxa mais elevada, a margem das empresas do segmento cresce, mesmo que, como argumentam os bancos, a inadimplência também aumente em cenário de aperto econômico.

Já o Índice Brazilian Depositary Receipts (BDRX), quarta melhor performance setorial (+3,96%), foi impulsionado, explica o head de renda variável da Fami Capital, Gustavo Bertotti, pelos bons resultados das companhias americanas atreladas a ele. “As empresas lá fora apresentaram bons números em áreas como IA, bancos e empresas de semicondutores”, afirma.

As máximas históricas que o Ibovespa atingiu em setembro foram acompanhadas por recordes em outros indicadores setoriais da B3. Além do índice de Utilities, os índices Financeiro (IFNC), de Dividendos (IDIV) e o BDRX alcançaram picos nominais neste mês, mostra levantamento da Broadcast.

Por outro lado, caíram no mês os índices de Materiais Básicos (IMAT), com baixa de 0,19%, e o Industrial (INDX), com recuo de 0,89%.

O IMAT foi penalizado pelo comportamento de papéis como Suzano (-5,05%), Klabin (-2,43%) e Braskem PNA (-29,88%), que neutralizaram a subida de Vale (+3,76%). O INDX foi prejudicado for Suzano e WEG (-2,50%). O dólar em queda no mês (-1,83%) e o impasse comercial entre Brasil e Estados Unidos foram fontes de pressões nestes índices.

Perspectiva

Para outubro, Cruz avalia que o mercado deve se voltar às companhias mais afetadas pelo tarifaço, diante da esperada reunião entre os presidentes Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva para tratar da taxa aplicada a produtos brasileiros.

O movimento pode favorecer a indústria e o agronegócio, retirando recursos de papéis mais defensivos. Além disso, a retomada do debate sobre corte da Selic pode impulsionar companhias que compõem o Índice Small Caps (SMALL).

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