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Para economistas, atenção do governo está no comportamento da arrecadação com PIB desacelerando
25 de agosto de 2025
Por Giordanna Neves e Flávia Said
Às vésperas do envio do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2026, analistas alertam que a execução orçamentária ficará ainda mais atrelada ao cenário cíclico e aos parâmetros estimados pelo governo. Em anos anteriores, a incerteza do mercado financeiro recaía sobre a capacidade de a equipe econômica atingir as receitas previstas para fechar as contas. Agora, a atenção se volta ao comportamento da arrecadação cíclica, influenciada principalmente pelo dólar e pela desaceleração da economia doméstica.
Em meio às incertezas sobre a economia global, o dólar segue no radar dos analistas pelo impacto na política monetária e na percepção de risco. Um cenário externo mais favorável, que leve a um câmbio mais baixo, tende a diminuir o foco nos problemas internos. Já no plano doméstico, a preocupação recai sobre a desaceleração da economia este ano, refletida em indicadores como Produto Interno Bruto (PIB) e Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI). Isso porque o desempenho das receitas em 2025 é uma primeira sinalização do que esperar para 2026, já que este ano compõe a base sobre a qual se projeta o próximo exercício fiscal.
Na avaliação do economista do Santander, Ítalo Franca, de agora em diante, as expectativas em relação à execução orçamentária do ano que vem ficarão mais atreladas aos parâmetros econômicos. Ele pondera que, enquanto o governo projeta um crescimento de 2,5% do PIB em 2025, sua estimativa é de 1,5%. Para o IGP-DI, a projeção oficial é de 4,6%, contra 1,2% na avaliação dele.
O economista considera que o PIB pode surpreender positivamente em razão de impulsos fiscais, mas ressalta que a política monetária mais contracionista já começa a se refletir na economia, podendo produzir efeito contrário. “Qual vai ser o efeito final da política monetária mais estrita sobre a receita e a atividade, com a atividade ainda performando bem, com o mercado de trabalho alavancado e com esses impulsos? Então, por isso que acho que a receita ganhou um pouco mais de holofote no curtíssimo prazo”, disse.
Diante do cenário mais desafiador, Franca afirma que, quanto mais o governo conseguir reservar receitas extraordinárias para 2026, como as provenientes de leilões de petróleo e dividendos, melhor. “Isso pode tornar o cenário do próximo ano um pouco mais factível”, afirmou.
O economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto, avalia que a desaceleração econômica impõe desafios e que o governo só deve alcançar a meta de superávit de 0,25% do PIB em 2026 com um forte contingenciamento. “As receitas caminham, em geral, com elasticidade igual à unidade em relação ao PIB. A desaceleração da economia, naturalmente, impõe restrições. Por outro lado, os dados de 2025 para as receitas têm vindo acima do esperado até julho. De todo modo, não há como entregar a meta fiscal sem um contingenciamento muito significativo”, disse.
No âmbito das despesas, Franca, do Santander, ressalta que o ponto mais importante a ser observado será o patamar dos gastos discricionários livres, ou seja, o montante disponível após contabilizar os valores com emendas parlamentares e pisos constitucionais. De acordo com o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026, esse valor será de R$ 83 bilhões no próximo ano.
“Eu acho que já é um nível que pode ter uma dificuldade na gestão orçamentária. Porque, se você tiver um bloqueio ou contingenciamento, aperta. Pode prejudicar o funcionamento de alguns programas ou das discricionárias”, comentou. Franca também chama atenção para a pressão dos gastos com o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que continua no radar como ponto de preocupação.
Ele lembra ainda que, diferentemente deste ano, em que o diferencial de inflação permitiu a abertura de R$ 12,4 bilhões no limite de gastos, esse cenário não deve se repetir em 2026. “Este ano não ajuda, porque não tem um ‘gap’ positivo da inflação para o final do ano colaborando para o aumento do limite de gastos. Isso, eventualmente, poderia acomodar um pouco mais de despesa se tivesse uma inflação maior, mas a gente tem visto desinflação”, disse.
Para Felipe Salto, da Warren, o problema das despesas é antigo e só piora. “Trata-se da rigidez elevada, com crescimento real robusto de gastos obrigatórios e excesso de vinculações e indexações. A isso se soma a questão das emendas parlamentares, que introduziram graus adicionais de rigidez, mas agora no bojo das despesas discricionárias”, avaliou ele.
Enquanto o governo segue frisando que a meta de 2026 está mantida, parte do mercado ainda questiona se seu cumprimento é viável. Salto observa que a situação de 2026 será bastante complexa. “Não vejo como escapar de uma alteração da meta”, sustentou. A Warren avalia que a meta fiscal do próximo ano terá de ser alterada em cerca de R$ 46,5 bilhões, pois as despesas discricionárias já estariam em 1,5% do PIB.
Na semana passada, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, argumentou que os números de previsão de receitas apresentados até o momento asseguram o cumprimento do alvo fiscal no ano que vem. “Estamos tendo reuniões todos os dias e a meta vai ser mantida, vamos cumprir a meta. Os números que estão vindo são números da Receita que nos permitem cumprir os limites do arcabouço sem precisar cortar gastos, no sentido de não poder cumprir o orçamento em função de não ter receita”, disse Tebet, antes de participar de audiência no Senado. “As receitas estão comparecendo e isso nos dá tranquilidade que a gente vai levar ao limite máximo da expansão de gastos porque as políticas públicas não podem parar”, completou a ministra.
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