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Saída de recursos se concentram em dezembro e devem somar até US$ 12 bilhões, diz economista
29 de outubro de 2025
Por Silvana Rocha
O dólar deve ter volatilidade moderada em novembro e dezembro com uma combinação de fatores internos e externos que podem dar sustentação ao real, diferentemente do cenário do fim do ano passado, avaliam especialistas consultados pela Broadcast.
As saídas de recursos ao exterior ligadas a viagens, importações e remessas de lucros e dividendos de empresas com controladores fora do país se concentram em dezembro, e devem somar até cerca de US$ 12 bilhões no último mês do ano, dentro da média histórica, segundo Andrea Damico, economista-chefe da BuysideBrazil.
Ela lembra que 2024 foi atípico, quando as saídas totais atingiram mais de US$ 26 bilhões em dezembro, mais que o dobro do usual, levando o dólar a R$ 6,26 no fechamento do dia 18 daquele mês. O movimento se deu em meio à tendência de alta externa da moeda americana e da leitura do analistas de que o pacote de contenção de gastos do governo anunciado no fim de novembro era insuficiente para equilibrar as contas públicas. Ao longo de 2024, o dólar se valorizou 27,3% em relação ao real, passando de R$ 4,85, no início do ano, a R$ 6,18.
Diante da escalada da moeda, em dezembro do ano passado, o BC despejou US$ 21,575 bilhões no mercado de câmbio por meio de leilões à vista, na maior intervenção feita em um único mês da história do regime de câmbio flutuante, que começou em 1999.
À época, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, destacou que, além da sazonalidade negativa comum ao último mês do ano, dezembro de 2024 teve uma saída de dólares maior do que o comum. O fluxo cambial total de dezembro foi negativo em US$ 26,410 bilhões, o pior da série histórica do BC; e o fluxo financeiro total também foi o mais negativo da história, com saída líquida de US$ 28,861 bilhões.
Já o fluxo cambial total em 2024 foi negativo de US$ 15,9 bilhões – a terceira maior saída líquida anual de dólares do País desde 2008, quando começa a série histórica do Banco Central. Esses resgates de dólares só foram maiores que no ano passado em 2019 e em 2020, quando atingiram US$ 44,768 bilhões e US$ 27,923 bilhões, respectivamente – período marcado pelos efeitos da pandemia de covid-19.
Neste ano, Damico frisa que o cenário é outro. “Há possibilidade de acordo comercial dos EUA com o Brasil e a China, o Copom deve manter a taxa em 15% na reunião de 4 e 5 de novembro e o mercado reforça suas apostas de que o ciclo de cortes de juros começará em janeiro, após o IPCA-15 abaixo do esperado.” Já o Federal Reserve deve anunciar mais um corte dos juros americanos nesta semana e outro possivelmente em dezembro, aponta. Esses movimentos difusos favorecem o real via operações de carry trade -estratégia em que o investidor toma recursos em uma moeda de juros baixos e aplica em outra de juros mais altos, buscando lucro no diferencial de taxas.
O analista Diego Costa, da B&T XP, observa que o comportamento do câmbio até o fim do ano tende a refletir mais o fluxo sazonal de remessas e a menor liquidez típica de dezembro do que mudanças nos fundamentos. Ele projeta o dólar oscilando entre R$ 5,30 e R$ 5,60 no período, distante do pico do ano passado. Para ele, o carry trade e a balança comercial robusta continuam atuando como amortecedores, enquanto as incertezas comerciais e geopolíticas externas e as preocupações fiscais locais reforçam a postura mais cautelosa dos investidores, que evitam grandes exposições.
Demanda pontual
Nos últimos dias, as mesas de câmbio já vêm registrando aumento pontual na demanda por dólares e, como a liquidez anda enxuta, o movimento impacta o cupom cambial, que reflete o juro em dólar no Brasil. Para suavizar essas pressões, o Banco Central realizou uma intervenção dupla nesta segunda-feira, ofertando US$ 1 bilhão em swaps reversos (equivalente à compra de dólar futuro) e vendendo o mesmo valor no mercado à vista. A operação, conhecida como casadão, não altera diretamente o preço do dólar, segundo os analistas, mas reduz o cupom cambial, favorecendo o carry trade e encarecendo o hedge, o que tende a desestimular apostas contra o real.
Segundo Damico, operações desse tipo devem se intensificar a partir de novembro, mas com concentração em dezembro, inclusive com outros instrumentos, como novos leilões de linha (venda de dólares com recompra futura) e vendas diretas à vista, para garantir liquidez e evitar distorções no mercado.
Além disso, esta semana promete maior volatilidade técnica com a rolagem de contratos futuros e a definição da Ptax de fim de outubro. Até o dia 24, os bancos estavam vendidos em US$ 29,56 bilhões no mercado à vista e tendem a pressionar o dólar, que acumula alta de 1,31% no mês, mas ainda recua 12,74% no ano, com o real liderando os ganhos entre as moedas emergentes.
De acordo com Costa, a valorização do real em 2025 reflete o enfraquecimento global do dólar e o forte apelo do carry trade, impulsionado pelos juros altos e pela baixa volatilidade cambial, o que levou estrangeiros a reduzir posições compradas em dólar. Ele pondera, contudo, que esse movimento depende da manutenção da Selic em patamar elevado, de clareza fiscal e eleitoral no Brasil e da estabilidade cambial, já que uma recuperação do dólar lá fora poderia inverter parte desses ganhos.
Enquanto isso, no cenário doméstico, o governo segue tentando recompor as receitas após as perdas geradas pela MP 1.303, mantendo o risco fiscal como um dos principais focos de atenção do mercado no encerramento do ano.
Para o economista André Perfeito, mesmo com avanços no diálogo comercial entre EUA e Brasil, o real deve reagir de forma contida devido ao risco fiscal. Ele destaca que o déficit em transações correntes de US$ 79 bilhões, que equivale a 3,6% do PIB, limita a recuperação da moeda. Embora as negociações possam atrair investimentos americanos em terras raras, a falta de ancoragem fiscal para 2027 deve manter a Selic alta e restringir uma valorização mais forte do real, afirma.
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