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Especialistas veem patamar sustentável apesar de não cravar que ativo seguirá renovando máximas
17 de outubro de 2025
Por Eduardo Laguna
Com a onça-troy superando pela primeira vez a marca de US$ 4 mil, o ouro alcançou um valor histórico e não há sinais de que vai retroceder tão cedo. Ainda que não seja possível dizer por mais quanto tempo o ativo continuará renovando máximas, especialistas ouvidos pela Broadcast entendem que o novo patamar é sustentável, uma vez que não se espera, ao menos no curto prazo, uma grande dissipação das incertezas globais que levam investidores a buscar refúgio no metal precioso.
A demanda pela commodity vem ganhando força há pelo menos três anos, puxada pelas compras de bancos centrais, sobretudo o da China, que diversificaram suas reservas – leia-se, reduziram a dependência do dólar – diante dos crescentes riscos fiscais, inflacionários e geopolíticos. Enquanto os conflitos militares aumentavam no mundo, com a guerra na Ucrânia e a ofensiva militar israelense na Faixa de Gaza, os juros subiam em economias que saíram da pandemia mais endividadas e com a inflação persistente. Só na China, a participação do ouro nas reservas internacionais saltou de aproximadamente 3% para quase 7% desde meados de 2022.
Com o governo Donald Trump, o mercado passou a ver o fim dos maiores conflitos militares no horizonte. Porém, Trump voltou com uma política comercial ainda mais agressiva, impondo tarifas não apenas à China, mas também a parceiros comerciais históricos. Em paralelo, ataques à independência do Federal Reserve – Fed, o banco central dos EUA -, a deterioração do quadro fiscal e o impasse orçamentário que mantém o governo dos Estados Unidos paralisado há 15 dias contribuíram para fragilizar o dólar como reserva de valor.
Agora, a espera por novos cortes de juros nos Estados Unidos dá mais um impulso ao metal. Afinal, quanto menos as Treasuries pagam, mais faz sentido ao investidor carregar ouro em seus portfólios. Não à toa, o ouro costuma subir quando o mercado, a exemplo do que aconteceu ontem, vê o presidente do Fed, Jerome Powell, mais preocupado com o emprego do que com a convergência da inflação à meta.
Ontem, o contrato do ouro para dezembro fechou a sessão em alta de 0,73%, com a onça-troy cotada a US$ 4.163,40 na Comex, a divisão de metais da bolsa de Nova York. Operador da mesa de alocação da Nippur Finance, Cândido Piovesan diz que a análise gráfica aponta a um suporte do ouro na faixa entre US$ 4.090 e US$ 4.050. Já a resistência, segundo ele, está próxima de US$ 4.200, que, se rompida, pode abrir caminho para o metal buscar novas máximas, em direção aos US$ 4.300.
“Em síntese, o ouro mantém uma perspectiva positiva, sustentado por expectativas de flexibilização monetária, incertezas geopolíticas e forte demanda institucional”, comenta Piovesan, acrescentando que o cenário global volátil pode fazer do ouro um dos ativos mais resilientes e valorizados de 2025.
Na Investo, uma gestora que investe em fundos com cotas negociadas em bolsa, os ETFs, o analista Danilo Moreno diz que déficits fiscais elevados, políticas monetárias mais acomodatícias e maior incerteza geopolítica fazem com que investidores busquem proteção em ativos escassos e de valor reconhecido. “Também cresceu a percepção de perda gradual do poder de compra das moedas tradicionais, o que reforça o apelo do metal como reserva de valor”. Nos últimos meses, observa Moreno, o ouro superou o euro como segundo maior componente das reservas globais a preços de mercado.
Desde o início do ano, o valor do ouro já subiu mais de 50% no mundo. Embora o melhor momento de entrada já tenha ficado para trás, Ray Dalio, fundador da Bridgewater e um dos entusiastas do rali dourado, recomendou na semana passada que investidores aloquem 15% de suas carteiras em ouro. O gestor comparou o ambiente atual com o do começo da década de 1970, quando a combinação de inflação, pesados gastos governamentais e dívida pública elevada levou a uma menor confiança em moedas e ativos conhecidos como de papel.
Década da volatilidade
Para André Valério, economista sênior do Inter, seria necessária uma normalização muito grande das economias globais, como a volta de um quadro de inflação consistentemente dentro da meta, para os investidores deixarem de buscar a proteção do ouro. Mas este não é o cenário mais provável.
“Enquanto houver muita incerteza, o ouro vai ser um ativo com potencial de valorização […] Esta vai ser a década da volatilidade, com cada vez mais incertezas, e estamos em meio a mudanças bem drásticas na ordem da economia global. O ouro vai se beneficiar dessas incertezas”, comenta Valério.
O economista do Inter acrescenta que o ouro tende a se beneficiar ainda da tendência de maior liquidez global, já que os juros caem nos EUA ao mesmo tempo em que as economias desenvolvidas aumentam os gastos. “Essa liquidez vai ter que ser escoada para algum lugar, e não há tantas alternativas para esses investimentos, já que a bolsa americana está perto do topo histórico. Então, o ouro continua sendo atrativo.”
O movimento de compra de ouro não é recente, mas as máximas alcançadas pelo metal contribuem para despertar ralis em diversos mercados por investidores que não querem ficar para trás. “Temos relatos no Reino Unido e no Japão de pessoas correndo para ter, em alguns casos, o item físico mesmo. Isso não era muito esperado”, comenta Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.
Conforme Christopher Galvão, analista da Nord Investimentos, os bancos centrais podem ter diminuído o ritmo, mas seguem comprando ouro, ao mesmo tempo em que os investidores buscam maior diversificação frente às incertezas geopolíticas. “Os investidores ao redor do mundo diversificam uma parte das suas carteiras em dólar, e parte dessa diversificação acaba sendo direcionada justamente ao ouro.”
Como o ouro não oferece mais um ponto de entrada tão interessante quanto o de um ano atrás, o investidor, alerta Galvão, precisa ficar atento se o cenário internacional continua favorecendo a commodity. “O momento ainda é positivo, mas o investidor deve ficar bem atento ao preço e principalmente ao contexto macro. É o contexto macro que pode movimentar ou continuar impulsionando o preço do ouro”, frisa o analista.
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