Plataformas Broadcast
Soluções de Dados e Conteúdos
Broadcast OTC
Plataforma para negociação de ativos
Broadcast Data Feed
APIs para integração de conteúdos e dados
Broadcast Ticker
Cotações e headlines de notícias
Broadcast Widgets
Componentes para conteúdos e funcionalidades
Broadcast Wallboard
Conteúdos e dados para displays e telas
Broadcast Curadoria
Curadoria de conteúdos noticiosos
Broadcast Quant
Plataformas Broadcast
Soluções de Dados e Conteúdos
Soluções de Tecnologia
Movimento eleva o risco de desvalorização do real e pode dificultar trabalho do BC com inflação
7 de outubro de 2025
Por Caroline Aragaki
Um dos mantras recentes do mercado financeiro é de que o câmbio mais comportado tem facilitado o trabalho do Banco Central (BC) na convergência da inflação à meta. No entanto, a reforma do Imposto de Renda (IR) aprovada pela Câmara dos Deputados, que estabelece tributo de 10% sobre lucros enviados ao exterior, eleva o risco de antecipação de remessas neste ano e de desvalorização do real. Profissionais do mercado financeiro ouvidos pela Broadcast, contudo, afirmam que o efeito tende a ser pontual, com impacto limitado sobre o ritmo de flexibilização monetária.
Historicamente, o fim do ano registra maior pressão no câmbio por causa de remessas de lucros e dividendos de empresas para o exterior. Alguns operadores veem possibilidade de reforço dessa tendência se as companhias decidirem antecipar remessas para evitar a tributação de 10% sobre dividendos de estrangeiros e envios ao exterior.
O texto aprovado pela Câmara na semana passada manteve esse ponto. Agora, segue para avaliação do Senado e passará a valer em 2026 se a proposta for aprovada neste ano.
“Se passar do jeito que está, a chance de ter envio de recursos para exterior acima do normal é muito grande”, afirma o economista-chefe da G5 Partners, Luis Otávio Leal, mencionando que vê como resultado possível a desvalorização do real e um espaço menor para a redução do juro básico em dezembro.
Segundo Leal, o mercado intensificou o debate sobre a antecipação de remessas, ainda mais depois de o BC, em setembro, ter deixado de rolar alguns leilões de linha. “Deu margem à interpretação de que o movimento pode ser uma forma de abrir espaço para ter mais instrumentos mitigadores de uma eventual concentração de remessas no fim de 2025”, disse.
O codiretor de gestão da Azimut Brasil Wealth Management, Eduardo Carlier, considera razoável a chance de as empresas anteciparem remessas. Porém, observa que seria um fator mais ligado à formação do preço de mercado do dólar do que a um efeito econômico forte. “Caso as remessas sejam antecipadas, pode ter efeito no final do ano, mas acaba se normalizando para o outro ano. É um efeito que tende a ser temporário”, afirma.
Carlier, da Azimut, acrescenta que é preciso observar como o dólar vai se comportar em nível global, já que o desempenho dos ativos domésticos tem mostrado forte correlação com o exterior.
O economista-chefe da ARX Investimentos, Gabriel Leal de Barros, pondera que ainda há dúvidas sobre a aprovação da tributação das remessas pelo Senado. “A alíquota de 10% sobre remessas ao exterior é mais uma gordura para que o governo consiga negociar”, avalia.
Houve, na Câmara, uma emenda que deixa claro que não haverá tributação de dividendos apurados em 2025, mesmo que sejam pagos nos anos-calendário de 2026, 2027 e 2028.
Para o head de renda fixa da Ville Capital, León Santiago Lucas, a emenda ao projeto foi eficaz em mitigar o risco de uma desestabilização no fluxo de capitais no curto prazo, mas a forma como essa transição foi desenhada levanta questionamentos técnicos válidos sobre seus impactos fiscais a partir de 2026, adiando a efetiva tributação sobre o topo da pirâmide de renda e potencialmente comprometendo a arrecadação esperada para o primeiro ano da nova regra.
Assim, outro risco ligado à tributação é a chance de a medida gerar receio de intervenção estatal e controle de capitais, aponta Lucas. Nesse caso, a expectativa é de aumento dos prêmios de risco na curva de juros e do risco-país. O efeito, porém, seria secundário para a definição do ritmo de flexibilização monetária.
Veja também