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‘Condenação de Bolsonaro mantém divisão política’

Para diretor da Eurasia, é possível que governo de Donald Trump coloque mais sanções ao Brasil

12 de setembro de 2025

Por Aline Bronzati, correspondente em NY, André Marinho, Thais Porsch e Felipe Frazão, do Estadão

O diretor da Eurasia para as Américas, Christopher Garman, não vê a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como uma virada de página capaz de pacificar o Brasil. A opinião pública sobre o julgamento do ex-presidente está exatamente em linha com a visão partidária dos brasileiros, segundo Garman.

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou na quinta-feira, 11, Bolsonaro por tentar dar um golpe de Estado após perder as eleições de 2022. A pena foi fixada em 27 anos e três meses em regime inicial fechado. “As divisões permanecem muito vivas após essa decisão”, disse Garman, em entrevista à Broadcast.

O segundo reflexo da condenação de Bolsonaro é uma possível reação por parte do governo do presidente Donald Trump, por meio da adoção de mais sanções contra o Brasil, de acordo com o diretor da Eurasia. Garman afirmou, porém, que é difícil antecipar quais medidas os americanos devem adotar.

Entre possíveis novas sanções ao Brasil, Garman cita a extensão da Lei Magnitsky a outros ministros que votaram a favor da condenação de Bolsonaro e aos familiares deles. O placar foi de 4 votos a 1 pela condenação. Além do relator do caso, Alexandre de Moraes, votaram a favor os ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia. Luiz Fux se manifestou pela absolvição do ex-presidente.

Os EUA também podem adotar tarifas secundárias ao Brasil pela compra do petróleo russo. “Talvez não seja imediato, mas é algo que também pode vir”, disse Garman.

Quanto aos impactos econômicos de novas sanções americanas, o diretor da Eurasia considera a probabilidade baixa, mas alerta para o risco de eventual retaliação. “Se o governo Lula reagir com retaliações, podemos ter uma escalada. Não é a nossa aposta, mas é um risco que estamos monitorando.”

Queda-de-braço

O secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou que os Estados Unidos responderão adequadamente ao que chamou de caça às bruxas, fazendo referência à condenação de Bolsonaro pelo STF. “As perseguições políticas do violador de direitos humanos sancionado Alexandre de Moraes continuam, já que ele e outros membros do Supremo decidiram injustamente prender o ex-presidente Jair Bolsonaro”, escreveu Rubio na rede X. Ontem ainda, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que estava surpreso com o resultado do julgamento.

O Itamaraty reagiu: “Ameaças como a feita hoje pelo secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, em manifestação que ataca autoridade brasileira e ignora os fatos e as contundentes provas dos autos, não intimidarão a nossa democracia”, respondeu no X o Ministério das Relações Exteriores. “Continuaremos a defender a soberania do País de agressões e tentativas de interferência, venham de onde vierem.”

O governo brasileiro avalia que a administração Trump vai anunciar novas sanções direcionadas ao País. “As perseguições políticas do violador de direitos humanos sancionado Alexandre de Moraes continuam, já que ele e outros membros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram injustamente prender o ex-presidente Jair Bolsonaro”, afirmou o representante do governo Trump.

O conteúdo também foi replicado ao público brasileiro, pelo perfil da embaixada dos Estados Unidos em Brasília. A chancelaria brasileira também rebateu a acusação de perseguição política e julgamento injusto por parte de Rubio.

“O Poder Judiciário brasileiro julgou, com a independência que lhe assegura a Constituição de 1988, os primeiros acusados pela frustrada tentativa de golpe de Estado, que tiveram amplo direito de defesa. As instituições democráticas brasileiras deram sua resposta ao golpismo”, afirmou o MRE.

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