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Investimentos em expansão de produção alcançam maior valor em uma década

Levantamento do Ipea mostra que foram investidos R$ 371 bi no aumento da capacidade produtiva

15 de maio de 2025

Por Eduardo Laguna

Diante do crescimento forte da demanda não só doméstica, mas também externa, as empresas brasileiras voltaram a investir nos últimos anos na expansão da capacidade produtiva, algo que por um bom tempo esteve fora de cogitação em diversos setores porque havia muita ociosidade nas fábricas. Segundo levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), R$ 371 bilhões foram direcionados em 2024 à expansão dos ativos voltados à produção. Eles vão desde máquinas de uma linha industrial à infraestrutura, como estradas, portos, aeroportos e redes de transmissão de energia.

 O valor, que corresponde a 18,2% do total de investimentos produtivos no Brasil, é o maior em dez anos (veja abaixo a evolução em uma década). Para chegar a esse número, o Ipea desconta dos investimentos brutos, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a depreciação dos bens de capital. De 2016 a 2020, o Brasil não investiu o suficiente para repor todo o desgaste dos ativos necessários para a produção, o transporte e a comercialização de produtos e serviços.

 Nesse período, marcado por recessão doméstica, paralisia de obras executadas por empreiteiras envolvidas nos escândalos de corrupção da operação Lava Jato e a pandemia da covid-19, o País chegou a perder, de forma inédita, parte da capacidade produtiva.

Incentivo

Porém, a reação econômica após o choque da crise sanitária foi rápida. Depois dela, o consumo continuou sendo sustentado por impulsos fiscais, geração de emprego e expansão do crédito, fazendo com que o uso da capacidade instalada nas fábricas voltasse a bater a marca de 83%. Esse porcentual não era registrado há onze anos na sondagem da indústria de transformação feita pela FGV.

 Houve assim um incentivo para não só substituir as máquinas que chegavam ao fim de sua vida útil, mas também expandir a capacidade, com as empresas contando, durante parte desse processo, com juros em nível abaixo da média histórica e, depois, com os incentivos da nova política industrial.

 A siderúrgica Gerdau, a fabricante de baterias Moura e a petroquímica Braskem são exemplos de grupos que concluíram ou estão com projetos de expansão em curso. Enquanto a Gerdau investiu R$ 1,5 bilhão para produzir mais bobinas de aço na usina de Ouro Branco (MG), a Moura desembolsa R$ 850 milhões para dobrar a reciclagem de chumbo na fábrica de Belo Jardim (PE). Na Braskem, foram anunciados em janeiro R$ 614 milhões para ampliar a produção em usinas na Bahia, no Rio Grande do Sul e em Alagoas.

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