Política
20/07/2017 15:04

Lula: não estava incomodado com a sentença porque sabia que Moro não tinha como me absolver


São Paulo, 20/07/2017 - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira, 20, que sabia que o juiz Sérgio Moro "não tinha como absolvê-lo" no processo do triplex, a considerar o encaminhamento que tinha dado às investigações. Por isso, disse que não estava preocupado com a sentença. Em entrevista aos jornalistas José Trajano e Juca Kfouri, transmitida pela internet, Lula afirmou também que inicialmente achava que Moro iria rejeitar a denúncia contra ele. “A acusação é tão mentirosa, tão mentirosa, que eu achava que o Moro ia recusar.” Lula disse ainda que o juiz sabe que ele não é o dono do sitio de Atibaia. “Já investigaram tudo.”

Na Operação Lava Jato, Moro condenou Lula a nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá. Agora, está na iminência de decidir se abre ou não ação penal contra Lula por suposta corrupção no caso do sítio Santa Bárbara, localizado no município do interior de São Paulo.

As empreiteiras OAS e Odebrecht teriam investido recursos para melhorias e ampliação da propriedade rural em troca de facilidades contratuais na Petrobrás e outros favorecimentos do governo na gestão do petista.

“Eles sabem que o único mal que eu fiz na Petrobras foi fazer a Petrobras ser a segunda maior empresa do mundo, com a maior capitalização. Esse foi o mal que eu fiz.” O ex-presidente disse que foi o governo dele que ‘mais investiu’ na contratação de policiais federais e na Inteligência da PF. “Quem criou mecanismos de autonomia do Ministério Público na Constituinte foi o PT.”

O ex-presidente destacou que inaugurou a prática de escolher o primeiro da lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) para o cargo de procurador-geral. Lula afirmou que, pela vocação de sindicalista, sempre indicou o primeiro da lista. Ele afirmou que nunca interferiu em qualquer investigação. “Perguntem pra algum deles (procurador-geral indicado por ele), ‘Ô procurador, um dia o Lula na Presidência da República procurou o sr. para o sr. não mexer em tal coisa?’. Perguntem.”

Moro
Lula disse que só o que o preocupa é que a Operação Lava Jato montou um esquema de comunicação que jamais teve. "Tudo tem de sair primeiro no jornal", disse. De acordo com o ex-presidente, a operação "têm de transformar a verdade pela imprensa e a Justiça não pode ser assim".

"Quando eu vejo juiz ficar preocupado com opinião pública, juiz não tem de se preocupar, ele tem que se preocupar com os autos do processo. Eu tenho a minha consciência tão tranquila...”

Lula fez um pedido aos investigadores. “Ô Operação Lava Jato, por favor, mostra ao povo brasileiro alguma coisa de veracidade. Não estão brincando com pouca coisa. Estão levando o País à destruição.” O ex-presidente reclamou da operação da PF que o conduziu de forma coercitiva, em março de 2016, para depor numa sala no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e das buscas em sua residência, em São Bernardo do Campo, no Grande ABC (SP). Segundo Lula, "invadiram" a sua casa e foram "levantar o colchão" depois que ele saiu. “Imaginaram que iam encontrar um trilhão de dólares? Joias, joias e mais joias? Quantas vezes esses caras foram procurar conta minha lá fora? Quantas vezes?”

Acusação
O ex-presidente garantiu que "achava" que o juiz federal Sérgio Moro fosse recusar a denúncia contra ele da força-tarefa da Lava Jato por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso triplex. Conforme Lula, a acusação é "tão mentirosa" que ele achava que moro fosse recusar.

Na entrevista, o ex-presidente referiu-se ao polêmico episódio do procurador da República Deltan Dalagnoll, da força-tarefa, que, ao divulgar a denúncia criminal, fez uso de PowerPoint. Na análise de Lula, os procuradores criaram uma fantasia em que ele é o chefe. O ex-presidente foi enfático ao se declarar inocente. “Pelo amor de Deus, apresentem uma prova.” Lula acentuou também que passaram seis anos dizendo que seu filho "era dono da Friboi". (Marcelo Osakabe)
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