Economia & Mercados
25/02/2022 10:40

Especial: IRB vislumbra volta ao lucro e descarta necessidade de capital neste momento


Por Matheus Piovesana

São Paulo, 24/02/2022 - Embora não forneça projeções ao mercado, o IRB Brasil Re vislumbra voltar ao azul em 2022. Além de deixar para trás os contratos que cancelou desde 2020, ano em que iniciou sua reestruturação, a resseguradora chega a este ano com um processo de subscrição renovado, riscos da covid-19 reduzidos e, principalmente, índices de capital mais robustos.

"Neste momento, o IRB tem capital suficiente para conduzir os seus negócios", afirmou ao Broadcast Willy Jordan, vice-presidente financeiro e de relações com investidores da empresa. Em dezembro, o IRB tinha solvência total de 232%, e suficiência de R$ 236 milhões em suas provisões técnicas.

Em janeiro, circulou a informação de que o IRB estaria avaliando opções de capitalização, entre elas um novo aumento de capital, por preocupações com seus patamares de liquidez. Segundo Jordan, a situação atual do IRB não exige uma medida do tipo. Se, no futuro, ela se tornar necessária, a companhia vai comunicar ao mercado.

A administração da resseguradora considera, no entanto, que os resultados devem apresentar clara melhoria neste ano, após uma redução de mais de 50% do prejuízo no ano passado. Em 2021, o prejuízo contábil do IRB foi de R$ 683 milhões, 54% menor que as perdas registradas em 2020.

Para o CEO do IRB, Raphael de Carvalho, alguns fatores permitem antever a volta ao lucro. "Quanto mais a gente se afasta dos negócios de antes de 2020, mais essa possibilidade (de que deixem de ter efeito) aumenta. E nossas reservas técnicas são muito mais sólidas do que no pré-2020", disse. "Esperamos que em 2022, a preocupação do Brasil com covid esteja muito menos presente."

O IRB reteve R$ 168 milhões em sinistros relacionados à covid-19 desde o começo da pandemia até dezembro do ano passado. Apenas em 2021, foram R$ 146 milhões, volume que reflete o forte impacto da segunda onda da pandemia sobre o mercado segurador, em especial no ramo vida.

Carvalho pontuou que a alta da taxa de juros deve ajudar o IRB a incrementar seus resultados financeiros, um efeito do qual a indústria de seguros já se beneficiou em especial no segundo semestre do ano passado, com a alta da taxa Selic.

Exterior

Um dos objetivos da reestruturação do IRB é reduzir a exposição da carteira da resseguradora a contratos no exterior, que durante anos foram o vetor de crescimento, mas se provaram pouco rentáveis ou deram prejuízo para a empresa. Segundo os executivos, boa parte dos sinistros registrados no ano passado vieram de contratos no exterior, muitos deles já encerrados.

O vice-presidente técnico e de operações do IRB, Wilson Toneto, usa o segmento rural como exemplo. Em 2021, relata, o IRB teve sinistros de quase R$ 1 bilhão em contratos do ramo estabelecidos no exterior, principalmente em países asiáticos. As intempéries climáticas foram responsáveis por estes eventos, embora de modo diferente do visto no Brasil.

Lá, as chuvas em excesso responderam pela maior parte das perdas. Aqui, a responsável foi a seca que, em meados do ano passado, levou a perdas no milho safrinha, compensadas em parte pelo bom desempenho da safra de soja. "No segmento de seguros domésticos, a perda com sinistros foi de R$ 547 milhões", comentou Toneto.

No ramo vida, perdas importantes vieram de contratos relacionados aos sistemas de previdência do Chile, cancelado em meados de 2020, e do Peru, que vence no final deste ano, e que o IRB já definiu que não renovará.

No ano passado, o IRB emitiu 9,3% mais prêmios no Brasil, elevando o volume a R$ 5,329 bilhões. No exterior, porém, a emissão caiu 27,3%, para R$ 3,431 bilhões, o que puxou a emissão total para baixo, com queda de 8,7%.

Contato: matheus.piovesana@estadao.com
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