Economia & Mercados
25/02/2022 10:39

Em jogo: Vale lucra 4,5x mais em 2021, mas ritmo da China e guerra podem decidir 2022


Por Bruno Villas Bôas e Wagner Gomes

Rio e São Paulo, 24/02/2022 - A Vale fechou o ano passado com lucro líquido de US$ 22,445 bilhões, 4,5 vezes maior do que o registrado no ano anterior - o desempenho não foi um recorde histórico em dólares por muito pouco, ficando ligeiramente abaixo dos US$ 22,885 bilhões de 2011. Pela frente, além do ritmo da indústria chinesa, a invasão da Ucrânia pela Rússia traz novas incertezas sobre o crescimento global e o comportamento do mercado de commodities. Veja o que está em jogo:

Guerra. China, Austrália e Brasil são os maiores produtores mundiais de minério de ferro. Assim, tudo o que acontece nessas regiões, como as chuvas que atingiram o Brasil no início do ano e questões logísticas trazidas pela Covid-19 nos portos chineses, acaba influenciando os preços. A questão agora é se o conflito entre Rússia e Ucrânia, que também são produtores da commodity, pode fazer o preço subir. Pelo menos hoje, no primeiro dia da guerra, não houve mudanças e o minério em Qingdao, na China, fechou praticamente estável, cotado a US$ 137,22 a tonelada. A perspectiva de alta dos preços do minério, inclusive, com a recuperação da produção de aço na china será fundamental para elevar os ganhos da companhia daqui para a frente.

Dividendos. Com o cenário favorável para o preço do minério de ferro ao longo de 2021, a Vale fechou o ano anunciando a aprovação de mais dividendos extraordinários para seus acionistas, no valor de US$ 700 milhões. No total, a companhia vai distribuir US$ 3,5 bilhões em dividendos referentes ao desempenho do segundo semestre. A cereja do bolo que faltava.

Metais básicos. A Vale ainda avalia uma possível cisão de sua operação de metais básicos, mas precisa fazer um “dever de casa” antes de dar um passo no negócio. Recentemente, o BTG Pactual avaliou a divisão com potencial de valer US$ 30 bilhões - seis vezes geração de caixa anual. A companhia ainda precisa, porém, estabilizar sua produção de níquel em Sudbury, no Canadá, após desafios operacionais em 2021. Outro desafio está nos constantes atrasos no projeto Salobo 3, relacionados aos impactos da pandemia

Governança. A Vale passará nas próximas semanas por mais um teste de governança. Com a renúncia do ex-presidente da Previ, José Maurício Coelho, ao cargo de conselheiro da Vale, uma nova Assembleia Geral Ordinária (AGO) será realizada no fim de abril para escolher, de novo, 12 dos 13 integrantes do colegiado da empresa. Eles vão cumprir um ano de mandato, o restante do mandato de dois anos. A expectativa é que o atual presidente da Previ, Daniel Stieler, seja apontado como substituto.

Contato: bruno.villas@estadao.com e wagner.gomes@estadao.com
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