Agronegócios
25/09/2017 11:23

Exclusivo/Meirelles: estratégia para entrar na OCDE é ressaltar que Brasil será 1º BRICS


Bruxelas, 25/09/2017 - O Brasil vai buscar convencer os membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) a aceitá-lo ao grupo do já chamado no passado de "clube dos ricos" com o ineditismo de ser o primeiro dos BRICS (que reúne também Rússia, Índia, China e África do Sul) a pleitear uma vaga na Organização. A estratégia foi explicada ao Broadcast pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, na sede da Missão do Brasil junto à União Europeia, em Bruxelas, na Bélgica.

Hoje, há uma reunião da OCDE, em Paris, para discutir, entre outros temas, o pedido de seis países (três da América do Sul e três da Europa) na entidade para serem candidatos a participar do processo, que é financiado pelo interessado. O grande volume de interessados de uma só vez deixa um dos membros de maior peso na Organização, os Estados Unidos, preocupados e pode vir a ser um obstáculo para as aspirações brasileiras. O Brasil é considerado hoje um país chave para a entidade e os dados da economia doméstica são incluídos na maior parte dos estudos produzidos pela OCDE.

O ministro enfatizou que todo o trabalho com a instituição para a votação que ocorre hoje já foi feito no passado. "Não temos nenhuma pressa ou ansiedade. O que queremos é estar no processo. É um movimento importante mostrar que o País é um parceiro estratégico", disse ele, enfatizando que, como sabe que se trata de um trâmite demorado, chegando a durar até quatro anos para alguns candidatos, gostaria de ver a aceitação do Brasil pela OCDE até o fim do ano que vem.

Meirelles relatou que expôs essa estratégia em reunião realizada mais cedo, em Bruxelas, com o vice-presidente da Comissão Europeia - o responsável pela área econômica da instituição -, Valdis Dombrovskis. "Não tinham olhado sob esse ponto de vista e acharam importante um país do BRICS porque isso seria um fato de influência nas negociações, nos tratados internos dos BRICS. Ou seja, tem uma questão estratégica maior do que a que parece", considerou. "O importante é mostrar claramente para a OCDE a importância econômica do Brasil. O Brasil seria o primeiro membro do BRICS a entrar na OCDE e isso é importante porque é um país grande, relevante", continuou.

Para o Brasil, os benefícios de fazer parte da OCDE são muitos, na avaliação do ministro, como o de reforçar a política de compromissos de longo prazo e continuar a adoção de medidas de política econômica alinhadas com o que hoje existe de mais moderno na área tributária, em relação à abertura comercial ou regulação. Há ainda a possibilidade de ajudar no processo de retomada do selo de grau de investimento concedido por agências internacionais de classificação de risco.

O encontro de hoje com Dombrovskis nesse sentido foi um passo dado pelo governo brasileiro de conseguir mais aliados para seu ingresso na OCDE, já que os votos são individuais, munindo-os de argumentos técnicos. Os países da Europa que têm grande peso na votação são vistos como aliados e, de acordo com Meirelles, a maioria deles apoia a candidatura do Brasil. No total, 34 países-membros compõem a Organização hoje. "A Comissão Europeia tem um trabalho muito importante de coordenação das posições dos países da UE. O voto é individual de cada país, mas a posição da Comissão é importante", avaliou o ministro após o encontro.

Apesar de focar a "campanha" agora para os "aliados", o trabalho com pedras no sapato, como podem ser os Estados Unidos, já foi também iniciado. Temos conversado com os americanos mais de uma vez sobre isso e temos um diálogo intenso com eles. Acho que a posição americana hoje está bem mais flexível, apesar de eles ainda terem um problema com o número (grande de pleitos)", relatou. (Célia Froufe, enviada especial a Bruxelas - celia.froufe@estadao.com)
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