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5 de novembro de 2025
Por Geovani Bucci
São Paulo, 05/11/2025 – O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) fez uma série de ataques ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), na terça-feira, 4, e reafirmou a intenção de disputar a Presidência da República em 2026, ainda que venha a perder. Para o filho ’03’ do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Tarcísio seria o “candidato do sistema”, e uma eventual eleição dele não representaria uma “vitória da direita”.
Em vídeo publicado em seu canal no YouTube, no qual se defendeu de críticas dentro do próprio bolsonarismo por apoiar a candidatura do irmão Carlos Bolsonaro (PL-RJ) ao Senado por Santa Catarina, em detrimento da deputada Caroline De Toni (PL-SC), o deputado vinculou o suposto “projeto do sistema” em torno de Tarcísio à prisão do pai. Bolsonaro permanece impedido de disputar eleições até 2030, em razão de duas decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e receber do Supremo Tribunal Federal (STF) uma pena de 27 anos e três meses de prisão por envolvimento em tentativa de golpe de Estado.
“O Tarcísio é o candidato do sistema. É o cara que o Moraes (Alexandre, ministro do STF) quer, né? Que gostaria que fosse eleito, porque ele ainda viria com o apoio de Jair Bolsonaro. O meu pai foi posto em prisão domiciliar, com tornozeleira, esculachado e sem rede social, por conta deste projeto”, disse Eduardo. “Por isso que eu várias vezes sacramentei, repeti, falei e vou desenhar aqui mais uma vez: ele se encontra na posição de sequestrado.”
No mesmo dia, em entrevista ao canal Market Makers, também no YouTube, o filho do ex-presidente afirmou ter “algumas diferenças de visão política” em relação ao chefe do Executivo paulista. Segundo ele, Tarcísio avalia que já conta com o apoio consolidado da direita e, por isso, busca aproximação com o centro e, em certas ocasiões, até algum diálogo com a esquerda.
“Ele não tem nenhum secretário conservador, bolsonarista. O Tarcísio sendo eleito é uma vitória da direita? Não é”, afirmou. “Ele não está na mesma prateleira de um petista, mas também não está na mesma prateleira que eu.”
Ex-ministro de Infraestrutura na gestão Bolsonaro e eleito com o apoio do ex-presidente em 2022, o governador continuou sendo criticado ao longo da conversa. Eduardo defendeu que o bolsonarismo apresente um candidato com projeto próprio de país e afastou a possibilidade de apoiar o governador paulista. Ele questionou se a eventual eleição de Tarcísio representaria de fato uma vitória da direita e afirmou que o governador é bem visto pelo mercado financeiro por manter proximidade com a chamada Faria Lima. “Tarcísio, com todo respeito, não me serve”, declarou, ao sustentar que o nome da direita deve “bater de frente com o establishment”.
Eduardo criticou o que chamou de “projeto do establishment”, que, segundo ele, busca “enterrar Bolsonaro e o bolsonarismo” para promover um nome “pintado de direita”. Ele mencionou a movimentação de lideranças do Centrão, incluindo o presidente do PP, Ciro Nogueira, em torno da ideia de lançar à Presidência um candidato de centro-direita fora do núcleo da família Bolsonaro, a exemplo de Tarcísio.
“Quem vai ser o candidato eu não sei, mas eu também vejo vitória na derrota. Se eu conseguir uma candidatura, se me deixarem concorrer, seria uma candidatura competitiva”, disse Eduardo. “Várias pesquisas dão conta disso. Ainda que, de maneira arriscada, apostássemos e eu viesse a perder, ainda assim seria um êxito. Êxito de manter acesa a chama do conservadorismo, da direita.”
O desconforto é compartilhado entre aliados de Tarcísio. Como mostrou o Broadcast Político, interlocutores próximos ao governador de São Paulo, reconhecem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem recuperado popularidade nos últimos meses atribuem parte do avanço à postura de Eduardo. Segundo essas fontes, o parlamentar “só faz gol contra” e se tornou o “maior cabo eleitoral de Lula”.
O filho ’03’ está nos Estados Unidos desde o início de 2025. Em março, licenciou-se do mandato e anunciou que permaneceria no país para buscar “sanções aos violadores dos direitos humanos”, em alusão ao ministro Alexandre de Moraes, e a outras autoridades que, segundo ele, agiriam em alinhamento com o magistrado contra seu pai, condenado por tentativa de golpe de Estado e outros crimes.
Os ataques de Eduardo e do vereador Carlos Bolsonaro a governadores de direita têm sido vistos por aliados de Tarcísio como “gols contra” que fragilizam o próprio campo conservador. De acordo com interlocutores ouvidos pela reportagem, o governador paulista avalia que o momento exige coesão entre as forças da direita diante do avanço do petismo, já que, em sua visão, o eleitorado demonstra um alto grau de cristalização nas preferências políticas.
Todavia, tanto em declarações públicas quanto em conversas reservadas, Tarcísio tem reafirmado que não pretende disputar a Presidência da República no ano que vem, ainda que conte com o aval não publicamente explícito de Jair Bolsonaro.
Contato: geovani.bucci@estadao.com
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