Política
15/08/2019 20:05

Cabral diz em depoimento que recebeu propina em troca de contratos com DER


Por Fábio Grellet

Rio, 15/08/2019 - Em depoimento à Justiça Federal nesta quinta-feira (15), o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB), preso desde novembro de 2016 e condenado a 216 anos de prisão, admitiu ter recebido propina para direcionar obras realizadas pela Fundação Departamento de Estradas de Rodagem do Rio de Janeiro (Funderj) durante sua gestão. Segundo denúncia do Ministério Público Federal (MPF), de 2007 a 2014 Cabral e seus comparsas receberam R$ 18 milhões por conta de direcionamentos em obras do DER.

“Confirmo o recebimento de valores indevidos tanto para campanhas eleitorais quanto para benefício pessoal. Não quero discutir se foi o valor exato (da denúncia), R$ 18 (milhões), R$ 17 (milhões) , R$ 16 (milhões), não tenho essa precisão”, afirmou Cabral ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio. A audiência tratava de denúncia investigada por meio da Operação C’Est Fini, realizada a partir de novembro de 2017.

Cabral afirmou que, atendendo a pedido do ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) Jorge Picciani (MDB) e do ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Aloysio Neves, pediu ao então presidente do DER, Henrique Ribeiro, para direcionar à empresa União Norte a licitação de uma obra.

O dono dessa empresa, Hugo de Aguino, é sócio de Picciani em outros negócios, segundo Cabral. “Foi um pedido feito pelo Jorge Picciani. Ele havia perdido a eleição ao Senado e era presidente do PMDB (hoje MDB), me visitou como presidente (e pediu)”, disse Cabral.

O pedido foi feito em 2013, segundo o ex-governador, e a obra foi realizada no ano seguinte.

Cabral afirmou que o ex-presidente do DER arrecadava dinheiro para campanhas eleitorais e “para fora das campanhas” com as empreiteiras, mas que ele tinha “uma vida espartana”. Para o ex-governador, a prisão de Ribeiro, ocorrida em 2017, é injusta: “As obras do DER eram todas necessárias e não foram plantadas por ninguém”.

Respostas

Em nota, o ex-deputado estadual Jorge Picciani disse que Cabral mentiu: “Nunca pedi nada a ele nem para quem quer que seja. Não sou sócio de ninguém em negócios de gado. Todos sabem que os sócios de nossa empresa de gado são pessoas da família, como está registrado em todos os órgãos governamentais”.

Também em nota, o advogado Rafael Faria, que representa o ex-conselheiro Aloysio Neves, afirmou que seu cliente “desconhece os fatos apontados pelo ex-governador”. A defesa de Henrique Ribeiro também negou as afirmações do ex-governador.
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