Política
05/09/2019 20:20

'Eu devo lealdade ao povo, mas não é essa lealdade cega', diz Bolsonaro sobre indicação de Aras


Por Julia Lindner

Brasília, 05/09/2019 - O presidente Jair Bolsonaro justificou a indicação de Augusto Aras dizendo que não basta ter alguém no comando da Procuradoria-Geral da República que "apenas" combata a corrupção, mas também é preciso pensar na sua postura sobre questões ambientais, econômicas e de costumes. Bolsonaro disse que a PGR pode servir como contraponto a votos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como no caso da aprovação da criminalização da homofobia em junho deste ano.

Em transmissão ao vivo no Facebook, na noite desta quinta-feira, 5, o presidente voltou a demonstrar desconforto com as críticas de apoiadores em redes sociais contra a indicação de Augusto Aras para assumir o comando da Procuradoria-Geral da República e pediu um voto de confiança. "Eu devo lealdade ao povo, mas não é essa lealdade cega ao povo", disse. Estavam ao seu lado o advogado-geral da União, André Mendonça, e o ministro da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira.

Bolsonaro afirmou que notou pelo menos 20% dos comentários em suas redes socais nas últimas horas são contra a indicação de Aras. Ele afirmou, ainda, que vai evitar acompanhar os comentários daqui para frente. "Pessoal que votou em mim, tem pelos menos 20% falando que acabou a esperança dele, que vai votar no (Sérgio) Moro em 2022. Pessoal, atire a primeira pedra quem não cometeu um pecado. Eu tinha que escolher um nome", justificou Bolsonaro.

"Peço a você, que está esculhambando a gente, você conhece o Aras? Conhece os outros nomes? E, se conhece, é apenas por ter combatido corrupção, mas e as outras questões? Dá uma chance para a gente, meu deus do céu, não vai atirando. Se o pessoal sair atirando em mim sem dar oportunidade do Aras mostrar o seu valor, aí fica ruim a convivência. Eu devo lealdade ao povo, mas não é essa lealdade cega ao povo", disse o presidente.

Ele defendeu que Aras "tem posição serena nas questões que impactam", destacando a área ambiental, avaliada como "importantíssima". "Sabemos que alguns do Ministério Público não podem ver uma vara de bambu sendo cortada que já processam todo mundo. Como ficaria alguém que tivesse visão muito radical na questão ambiental? como ficaria o homem do campo?", questionou.

Bolsonaro também defendeu a importância da PGR para viabilizar o avanço da área de infraestrutura. A pasta é comandada por Tarcísio de Freitas, que apoiou o nome de Aras. "Não queremos um chefe do MPF que pode fazer tudo, mas também não queremos aquele que não pode fazer nada", declarou.

Para Bolsonaro, a função de comandar a PGR é "tão difícil" quanto a Presidência da República. Ele disse que, nas decisões do STF, o procurador-geral não vota, mas, ao proferir sua posição, é "como se fosse o primeiro voto sobre determinadas questões". Ele considerou também que o PGR precisa marcar sua posição nessas votações.
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