Agronegócios
04/09/2017 11:02

Exclusivo: ministros brasileiros apostam na SPIC Como nova megainvestidora chinesa no Brasil


Pequim, 04/09/2017 - Uma empresa que, sozinha, tem a capacidade instalada de 80% da energia brasileira é a nova aposta do governo como a principal investidora chinesa no País nos próximos meses. Depois de reuniões com várias companhias locais em Pequim, durante um road show para atrair capital, tanto o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, quanto o de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, apontaram a State Power Investment Corporation (SPIC) Overseas como a estrela da vez, como já foi no passado a China Three Gorges Corporation (CTG).

Como o nome e a área de atuação indicam, a SPIC está interessada em ativos do setor de energia. Ontem (3), Oliveira, Coelho e técnicos do governo brasileiro receberam o chairman da companhia, Wang Binghua, para falar sobre o setor, a Eletrobras e Angra III. No encontro, Oliveira convidou a empresa a participar do leilão da Cemig, marcado para o fim deste mês, alvo de uma disputa política com o governo mineiro. Binghua foi à reunião acompanhado de pelo menos 10 executivos. Conforme relatou hoje o ministro do Planejamento, eram membros dos mais altos escalões da empresa, o que demonstra ser um sinal, de acordo com ele, do real interesse da empresa no Brasil.

"No geral, a viagem (para a China) foi boa. Eles têm um funding que é difícil competir. Só a SPIC tem 120 gigawatts de geração. Ela é praticamente um Brasil, que produz 150 gigawatts", comparou ao Broadcast o ministro do MME. "Esta é a empresa que está mais próxima de fazer um grande investimento no Brasil, assim como a CTG fez no passado", previu ele, que embarcou ontem à noite de volta a Brasília. Atualmente, a SPIC atua com energia eólica no País e está em conversas com a Santo Antonio Energia para fechar negócios. Este ano, a empresa finalizou o processo de compra de ativos da Pacific Hydro Brasil, considerado o início de seu plano no País e na América Latina com o foco em energias renováveis.

Oliveira relatou, por sua vez, que trazia uma expectativa positiva em relação à viagem para a China, mas que os encontros foram melhores do que o previsto. "Esperava conversas mais protocolares, mas foram num nível de objetividade muito grande, de quem está fechando negócio. Foi surpreendentemente bom, acima das expectativas", avaliou. Ele também citou que, além do leilão da Cemig, a companhia mostrou interesse por mais três ou quatro projetos no Brasil.

Questionado sobre o alerta feito em um estudo do próprio Ministério da Fazenda em relação à atenção que deve ser dada aos dados de Investimento Estrangeiro Direto (IED) chinês no Brasil, por causa do grande intervalo de números díspares, o ministro do Planejamento salientou que o Brasil é um país aberto para todos os investidores do mundo e que os chineses estão concorrendo também. Não há preocupação em relação a uma possível presença maciça de recursos chineses no País. "Por maiores que sejam, ainda vai ser de apenas 2% ou 3%", minimizou.

A SPIC é fruto de uma fusão entre a antiga China Power e a Corporação de Tecnologia de Energia Nuclear do Estado. Seus ativos são de US$ 113 bilhões. Com presença em 36 países, a empresa emprega cerca de 140 mil pessoas. (Célia Froufe, enviada especial - celia.froufe@estadao.com)
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