Agronegócios
04/09/2017 10:36

Perspectiva: mercado de grãos monitora clima em semana curta por causa de feriado nos EUA


São Paulo, 04/09/2017 - Investidores dos mercados futuros de soja, milho e trigo na Bolsa de Chicago (CBOT) devem começar a semana atentos ao clima nos Estados Unidos e à demanda externa por grãos norte-americanos. Na sexta-feira, traders ajustaram posições em preparação para o fim de semana prolongado pelo feriado de Dia do Trabalho nos Estados Unidos nesta segunda-feira. Os mercados do país permanecem fechados hoje.

A soja fechou em alta na sexta-feira. O vencimento novembro subiu 4,25 cents (0,45%) e fechou em US$ 9,4950/bushel. Na semana, o ganho foi de 0,53%, com as altas de quinta e sexta-feira contrabalançando as perdas dos três dias anteriores. Para a analista Andrea Cordeiro, da Labhoro, as altas dos últimos dias foram reflexo de uma cobertura de posições vendidas, primeiro para realização de lucros no encerramento de agosto e depois como proteção para um período sem negociação devido ao feriado nos EUA. "O que a gente viu foi que fundos vendidos, com a aproximação do fim de mês, viram uma ótima oportunidade para tomada de lucros. E com o feriado nos EUA na segunda-feira ocorreu um movimento um pouco maior de proteção", disse Andrea.

Na avaliação da analista, para um suporte maior à soja em Chicago, seria necessária uma mudança mais expressiva em clima ou demanda. Por enquanto, há apenas uma leve preocupação com a possibilidade de geadas precoces que poderiam prejudicar as lavouras de soja. "Está descendo um sistema de baixa pressão do Canadá que poderia chegar no norte do cinturão e trazer geadas." Contudo, Andrea ressaltou que até sexta-feira existia apenas um risco de esse sistema se deslocar, e não uma previsão concreta de geadas. "Como segunda-feira é feriado e até termos uma atualização dos mapas, o mercado testou a região de suporte a US$ 9,50/bushel, teve um pouquinho de força, foi a US$ 9,52, mas respeitou esse patamar e agora está esperando para ver", afirmou. A analista projetou que a colheita de soja deveria começar esta semana em alguns pontos do Delta. Contudo, as chuvas provocadas pelo furacão Harvey e a possibilidade de o furacão Irma atingir os EUA podem atrapalhar o começo dos trabalhos de campo.

Além do clima, a demanda pode dar sustentação aos preços, mas por enquanto o apetite chinês ainda está muito direcionado para a América do Sul, segundo Andrea. A analista ressaltou que, da semana retrasada para a semana passada, devido aos preços mais baixos, a China teria comprado de 15 a 20 navios de soja, só que na sua maioria essa soja teria sido originada na América do Sul. "Isso tira um pouco o brilho da demanda da China. Se os EUA tivessem uma proporção maior nessas compras chinesas, o peso disso no mercado seria diferente", destacou. Ela ponderou que a demanda precisa aparecer para absorver a grande produção que está a caminho do mercado. No fim da semana passada, a consultoria Informa Economics projetou o rendimento da soja norte-americana em 49,4 bushels por acre, enquanto a INTL FCStone falava em 49,8 bushels por acre. "Mesmo com essa seca nas Dakotas, no Nebraska, as secas que tivemos no sudeste de Iowa, na parte oeste de Illinois, a gente vê que os EUA caminham para uma grande safra de soja", disse Andrea. "E o peso desta safra no mercado vai precisar ser dosado com um aumento de demanda. Neste momento, a demanda está mais voltada para onde está mais barato, que é a soja brasileira."

O milho fechou em queda na CBOT na sexta-feira. O vencimento dezembro cedeu 2,50 cents (0,70%) e fechou em US$ 3,5525 por bushel. Investidores embolsaram lucros após a alta de 3,55% registrada na quinta-feira. Vendas de produtores também pressionaram os preços, com os agricultores norte-americanos voltando ao mercado para aproveitar o rali recente, disse Brian Hoops, presidente da corretora Midwest Market Solutions, à Dow Jones Newswires. Na semana, entretanto, o milho subiu 0,50%. O movimento de realização de lucros foi contrabalançado por ajustes antes do fim de semana prolongado por feriado nos EUA. Alguns traders reduziram suas apostas na queda das cotações para minimizar perdas caso surja alguma notícia altista no período. A expectativa de uma safra robusta nos EUA também pesa sobre o milho. A Informa Economics estimou o rendimento de milho dos EUA em 169,2 bushels por acre, e a INTL FCStone previu 166,9 bushels por acre. A previsão para o Meio-Oeste era de temperaturas mais baixas, mas a safra do país está praticamente definida.

Quanto ao trigo, os futuros negociados em Chicago fecharam em alta na sexta-feira, em meio ao ajuste de posições antes do feriado nos EUA. Na CBOT, o trigo para dezembro subiu 4,25 cents (0,98%) e fechou em US$ 4,3875 por bushel. A valorização na semana foi de 0,80%. Analistas disseram que fatores técnicos incentivaram compras. Segundo o serviço meteorológico DTN, a previsão era de condições favoráveis para a colheita de trigo no norte das Grandes Planícies dos EUA e nas Pradarias canadenses.

Café: Mercado deve registrar reação em semana curta
O feriado do dia do trabalho nos Estados Unidos deixa as bolsas fechadas nesta segunda-feira e limita a negociação de café no Brasil. Amanhã, o mercado reabre e, sem muita força para romper novos suportes na Bolsa de Nova York, os contratos podem começar a reagir. O clima e seus efeitos sobre a floração dos cafezais também continuam no radar, embora a perspectiva seja de um mês mais seco e apenas de chuvas irregulares.

Após o fechamento do pregão de sexta-feira, a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês) divulgou relatório com o posicionamento de traders no mercado de café em Nova York, referente à semana encerrada em 29 de agosto. No período, os fundos de investimento elevaram seu saldo vendido, que passou de 19.012 para 26.362 lotes, considerando futuros e opções. Já os comerciais reduziram de 17.561 para 10.757 lotes sua posição líquida vendida. Levando em conta apenas o mercado futuro, os fundos aumentaram seu saldo vendido de 9.816 para 17.734 lotes na semana encerrada na última terça-feira.

Açúcar: Temporada de furacões pode favorecer contratos
Com a Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fechada por causa do feriado do dia do trabalho nos Estados Unidos, nesta segunda-feira o mercado internacional do açúcar esfriará e se resumirá apenas às negociações do refinado, em Londres. A bolsa inglesa também perde força com a ausência dos principais players do setor.

A sexta-feira foi marcada pela queda de 4,51% no contrato outubro na ICE Futures, ou 65 pontos, para fechamento em 13,75 cents por libra-peso. Os papéis sequer romperam o fechamento do dia anterior, de 14,40 cents, e atingiram uma máxima de 14,38 cents no pregão. O março recuou 4,14%, para 14,36 cents. Realizações de lucro e a pressão menor do clima sobre o petróleo nos Estados Unidos foram apontadas como motivos para o recuo.

No entanto, a temporada de furacões pode influenciar novamente os futuros do açúcar nesta semana. Na sexta-feira, o furacão Irma avançava pelo Oceano Atlântico rumo o Caribe e havia a possibilidade de que a tormenta pudesse chegar ao Golfo do México. A passagem do Harvey pela região, há duas semanas, com a entrada pelo Texas, fechou refinarias e pressionou a gasolina no mercado norte-americano e mundial. A alta do combustível do petróleo favorece o etanol e, consequentemente, sinaliza para uma oferta menor do açúcar.

(Leticia Pakulski, Cristian Favaro e Gustavo Porto - leticia.pakulski@estadao.com, cristian.favaro@estadao.com e gustavo.porto@estadao.com)
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