Economia & Mercados
22/10/2021 12:37

Especial: Sinalização do governo de que não vai interferir na Petrobras agrada a especialistas


Por Fernanda Nunes

Rio, 21/10/2021 - A notícia de que o governo estuda uma solução para o preço do óleo diesel que não passa por interferência na Petrobras e em mudanças na política de preços da estatal agradou a especialistas do setor de petróleo. Preocupa, no entanto, o modelo da ajuda que será dada aos caminhoneiros para comprar o combustível.

O presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou, nesta quinta-feira, que o governo anunciará em breve uma solução para aliviar o peso do diesel nos custos dos caminhoneiros autônomos. "Em torno de 750 mil caminhoneiros receberão ajuda para compensar o aumento do diesel", afirmou o presidente, em evento em Sertânia (PE). Ele não detalhou, no entanto, como funcionará o auxílio.

"Seria importante associar a ajuda à efetiva compra do combustível. Existe na Europa uma experiência neste sentido, a de um 'cartão caminhoneiro'", avalia Edmar Almeida, pesquisador do Instituto de Energia da PUC-Rio.

Os caminhoneiros ameaçaram entrar em greve no início do próximo mês por causa dos preços elevados do diesel, entre outros pontos de reivindicações. Ao sinalizar uma ajuda, Bolsonaro tenta evitar a repetição do movimento de maio de 2018, que parou o País. Na época, o presidente Michel Temer conseguiu estancar a paralisação concedendo um subsídio, que, no fim das contas, teve pouco efeito no preço ao consumidor.

"Sou mais favorável a um programa de recuperação de renda voltado a caminhoneiros autônomos do que subsidiar o combustível, o que beneficia qualquer consumidor do combustível e ainda estimula o consumo de um combustível fóssil", avalia Luciano Losekann, professor do Instituto de Economia da UFF e especialista no setor.

Em sua opinião, a melhor solução é a adoção de um programa de recuperação de renda. "O problema é o uso eleitoral dessa política", acrescenta.

Já Almeida acredita que simplesmente incluir os caminhoneiros em programas sociais, como no novo 'Auxílio Brasil', igualando a categoria às camadas mais pobres da população, não seria correto. "Isso poderia descaracterizar o programa e abrir precedentes para outras categorias que têm poder de negociação e força política", afirmou.

Contato: fernanda.nunes@estadao.com
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