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STF/Mendonça fala em terrorismo e compara políticas de segurança a ‘tratar câncer com AAS’

17 de novembro de 2025

Por Geovani Bucci

São Paulo, 17/11/2025 – O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou as políticas de segurança pública e combate à violência no País nesta segunda-feira, 17, durante almoço empresarial do Grupo Lide, na capital paulista. Ao longo da exposição, ele comparou a conjuntura brasileira à de outros países da América Latina com base em indicadores da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

“Terrorismo, violência. Olha como estamos abaixo da América Latina. Olha como estamos no eixo inferior da América Latina”, afirmou Mendonça. “Deixa eu dar um dado para os senhores: sabe quem está à frente de nós em segurança pública? O Paraguai. Paraguai, Argentina e Chile. Esse é o dado da realidade.”

Ao mencionar a nova fase da operação que investiga desvios em aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) – que cumpriu mandados de prisão contra dez alvos, entre eles o ex-presidente da autarquia, Alessandro Stefanutto -, Mendonça disse que não pode comentar detalhes dos inquéritos. Ressaltou, contudo, que sua atuação se baseia na responsabilidade tanto com os direitos dos investigados quanto com a apuração dos fatos. Ele afirmou que “não persegue ninguém”, mas também não pode se omitir diante do que precisa ser investigado.

O ministro observou ainda que as primeiras prisões decretadas por ele em quase quatro anos no Supremo ocorreram recentemente (algo que, segundo declarou, não o deixa satisfeito), mas defendeu que, diante do que veio à tona até agora, as medidas foram necessárias sob sua ótica.

“Nós estamos doentes e enfermos; só não nos demos conta. E quem entende de segurança pública sabe que, às vezes, a gente quer tratar um problema de câncer com pílula de AAS”, prosseguiu. “Eu não estou defendendo A, B ou C. Estou dizendo que nós temos um problema sério de segurança pública.”

Atualmente, está em processo legislativo o projeto de lei Antifacção do governo federal, com relatoria do deputado federal Guilherme Derrite (PP) da oposição. Após diversas alterações, a direita brasileira recuou na defesa pelo enquadramento de facções criminosas como atos terroristas.

Também participaram do evento o vice-governador de São Paulo, Felício Ramuth (PSD); o secretário da Fazenda do Estado, Samuel Kinoshita; o ex-governador Rodrigo Garcia; o prefeito paulistano, Ricardo Nunes (MDB); e os deputados federais Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) e Carlos Sampaio (PSD-SP).

Nunes afagou Mendonça ao elogiar sua condução do caso envolvendo o INSS, referindo-se ao ministro como “grande exemplo de pai de família”. Já Ramuth, representando o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), destacou o perfil de Mendonça. “O ministro propaga bons valores: valores de família, além da disposição para o diálogo e da sensibilidade social”, afirmou.

Contato: geovani.bucci@estadao.com

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