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16 de outubro de 2025
Por Ivo Ribeiro e Cynthia Decloedt
São Paulo, 16/10/2025 – Após o fracasso das arrastadas negociações de venda da InterCement para a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que duraram sete meses, a cimenteira e sua controladora Mover entraram com um pedido de recuperação judicial no início de dezembro de 2024 na Justiça paulista, arrolando dívidas totais de R$ 13,7 bilhões.
A nova etapa de negociações com os credores – Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e cinco casas detentoras de bônus – teve momentos difíceis e tensos, com ações judiciais do Bradesco BBI contra a Mover e dos bondholders contra a cimenteira na Holanda. Em junho, em razão das dificuldades impostas por Mover e InterCement, os bancos Itaú e BB decidiram sair do processo após venderem seus créditos, amargando elevado deságio no valor dos títulos.
“Foi um caso de grande complexidade, uma recuperação robusta, de mais de R$ 10 bilhões, envolvendo três grupos de credores relevantes”, avalia Eduardo Munhoz, que esteve à frente da reestruturação financeira do grupo pelo E. Munhoz Advogados. Apesar disso, afirmou, em pouco mais de dez meses, entre embates de lado a lado e a entrada de novos atores no processo (por exemplo, o empresário argentino Marcelo Mindlin), o plano recebeu aprovação de 99% em 6 de outubro.
Segundo Munhoz, a recuperação judicial de InterCement foi uma negociação restrita à aprovação da dívida financeira (95% do total), em que houve corte no valor a receber e conversão de crédito em ações por parte dos grandes credores. Os fornecedores, com algumas exceções, informa, vão receber integralmente seus créditos em até três anos.
A distensão nas negociações só se verificou a partir de junho, quando os bondholders, que alegaram terem ficado à margem das negociações a maior parte do tempo, e o empresário argentino – que é um candidato a disputar Loma Negra – sentaram na mesma mesa em que antes ficavam Bradesco, Itaú e BB. Com parte de seus créditos garantidos por ações da Loma Negra, imprimiram um novo equilíbrio nas tratativas entre os dois lados.
Galvão, CEO da Mover, admite que o ambiente de negociações ganhou novo clima. As conversas com Mindlin e representantes de Redwood, Contrarian Capital, Moneda e com o Bradesco evoluíram para uma busca de solução, o que se atingiu em 24 de julho. Passou a ser mais um “deal” negociado a partir de junho, diz o executivo, com os credores financeiros convertendo dívidas em capital da cimenteira e os fornecedores sendo “bem atendidos”.
Na avaliação de Munhoz, a aprovação se deu em prazo curto, dada a complexidade do caso, e considerando as intercorrências no meio do caminho, como a venda de créditos por Itaú e BB. Ele destaca que há casos que duram de dois a três anos. “É raro fazer uma recuperação com a empresa em funcionamento, gerando caixa e sem perder participação de mercado. Após a reestruturação, a dívida (da InterCement) fica menos que 2 vezes na relação dívida líquida/Ebitda (lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização)”, afirma.
Números
Segundo Galvão, a cimenteira aprova seu plano de recuperação judicial com caixa de quase R$ 2 bilhões (era de R$ 1,85 bilhão no final de 2024). Esse valor inclui R$ 1,12 bilhão referente à venda dos ativos de cimento na África (Egito, África do Sul e Moçambique). Ao final, com a transferência das ações, ficará com cerca de R$ 1 bilhão, após pagar R$ 500 milhões para a Mover, pela saída do capital da cimenteira, e mais R$ 500 milhões aos fornecedores.
A reestruturação financeira da InterCement Participações, deduzida a conversão de créditos, envolveu a emissão de um título de US$ 500 milhões (R$ 2,75 bilhões), a ser resgatado pelos credores com a venda de Loma Negra, e uma nota de dívida de R$ 1,8 bilhão pela InterCement Brasil, para pagamento de cinco anos com geração de caixa da empresa.
“A ICB (controlada que atua no Brasil) sai fortalecida, com caixa e endividamento controlado”, afirma Galvão. No entanto, ele admite que a empresa carrega um elevado valor de contingências cíveis, tributárias e fiscais. Será uma tarefa para os novos donos da cimenteira.
A Mover permanecerá apenas com um ativo operacional, a incorporadora de imóveis para baixa renda HM Engenharia, que atua na região de Campinas e na Grande São Paulo. A empresa, de médio porte, tem receita líquida anual na faixa de R$ 450 milhões.
Por ora, o grupo não admite vender a incorporadora. “Vamos ficar, pois vemos perspectivas promissoras nesse negócio e poderemos dedicar mais tempo e também fazer investimento para crescer”, afirma o CEO. Até agora, diz Galvão, a missão era resolver o endividamento do grupo. Daqui para frente, a holding vai fazer a gestão de ativos e passivos que permaneceram. Por exemplo, a construtora, o estaleiro EAS e uma fazenda de gado nelore em Mato Grosso do Sul.
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