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Master ganha mais tempo para vender ativos

2 de outubro de 2025

Por Cynthia Decloedt, Cícero Cotrim e Célia Froufe

São Paulo e Brasília, 02/10/2025 – A cúpula do Banco Central aguarda a tentativa do banco Master de obter liquidez antes de decidir sobre a aplicação de qualquer regime de resolução – intervenção ou liquidação extrajudicial -, conforme apurou o Estadão/Broadcast.

Segundo pessoas que acompanham o caso, o controlador do Master, Daniel Vorcaro, busca compradores para alguns ativos – o Will Bank, adquirido pelo banco em 2024, é visto no mercado como um ativo interessante. Ele tem até o fim desta semana para apresentar algo às autoridades reguladoras.
Procurado, o Master não quis comentar o assunto.

Nos últimos dias, vem crescendo no mercado a expectativa de que o BC decrete uma intervenção ou a liquidação do Master, em razão do vencimento de um empréstimo da ordem de R$ 4 bilhões obtido pelo banco com o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que é mantido pelas instituições financeiras, mas principalmente pelos grandes bancos.

Essa possibilidade ganhou força desde que a Polícia Federal abriu, na terça-feira, um inquérito para apurar suspeitas de crimes financeiros envolvendo a gestão do banco.

Os indícios de uma possível atuação direta do BC tomaram corpo depois de a autoridade monetária rejeitar, no início de setembro, o acordo para a compra de parte do Master pelo Banco de Brasília (BRB).

Ônus grande demais

Pessoas a par do assunto afirmam que uma intervenção ou liquidação não agrada ao BC nem aos grandes bancos privados, já que traria ônus grande demais ao FGC. Considerando os números do Master disponíveis até abril, pelo menos a metade do fundo de reserva do FGC teria de ser gasto para cobrir os portadores de Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) elegíveis à cobertura do fundo.

Em junho, o fundo dispunha de reservas de R$ 121 bilhões, contra um volume de CDBs emitidos no mercado pelo Master de mais de R$ 50 bilhões.

Os indícios de uma ação imediata do BC perdem força também pelo fato de que, pelo regimento da autarquia, cabe ao seu diretor de Fiscalização, Ailton Aquino, submeter à diretoria colegiada uma proposta de decretação de regimes de resolução (intervenção ou liquidação). Aquino está em viagem a Luanda, em Angola, para participar de um encontro de supervisão bancária dos bancos centrais de países lusófonos, e deve retornar hoje.

Veto à venda

O Banco Central ainda mantém em sigilo o documento que embasou a decisão de vetar, no início de setembro, a venda de parte do Master para o BRB. Mas integrantes que participaram das negociações dizem que um ponto foi central na decisão: o risco de o BRB ser contaminado pelos ativos do Master considerados “podres”, ainda que eles não fossem envolvidos na operação.

O Master tornou-se conhecido no mercado financeiro por oferecer CDBs com taxas de juros muito acima das praticadas pelos outros bancos.

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