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Lula diz que encontro com Trump pode ser presencial e que quer ‘acabar com mal-estar’ com EUA

24 de setembro de 2025

Por Aline Bronzati, correspondente, e Gabriel de Sousa

Nova York e Brasília, 24/09/2025 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira, 24, que, por ele, a conversa com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode ser presencial e pública. Lula também minimizou a possibilidade de um desconforto durante a conversa, declarando que será uma relação entre “seres humanos civilizados”. “Eu e Trump somos dois homens de 80 anos, não há por que ter brincadeira”, afirmou durante entrevista coletiva de imprensa nesta tarde sobre sua participação na Assembleia-Geral da ONU. “Quero acabar com mal-estar com dos Estados Unidos”, declarou.

“É importante que a gente esteja bem porque nós precisamos de emprego, nós precisamos de melhor salário e nós precisamos de mais investimentos, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. (…) Há muitos investimentos dos Estados Unidos em jogo”, disse Lula.

O petista afirmou que não tem pressa para conversar com Trump e que “não precisa ser amanhã”. Apesar de dizer que encontro pode ser nos Estados Unidos, ele evitou dizer como será o formato para “não criar expectativas” e deixar a imprensa frustrada caso ocorra por videoconferência ou por telefonema.

Lula disse também que volta para o Brasil “otimista” com a possibilidade da conversa com Trump. Ele afirmou que quer “acabar com mal-estar” com os Estados Unidos e que tantos os brasileiros quanto os americanos esperam uma boa relação entre os países. “Espero que possamos restabelecer uma harmonia necessária entre o Brasil e os EUA (…) É de interesse dos brasileiros”, disse.

O presidente voltou a dizer que as sanções do governo americano contra o Brasil ocorreram após Trump receber informações incorretas e “equivocadas” sobre o Brasil. Lula disse não saber quem deu esses detalhes inverídicos sobre o País ao líder americano. “Entre dois chefes de Estado, é preciso conversar com base em dados verdadeiros. (…) Quero que o Trump saiba do Brasil o que é verdade”, afirmou. Sobre questões comerciais, o petista defendeu que a Organização Mundial do Comércio (OMC) seja utilizada para estabelecer acordos.

Lula não quis adiantar quais temas irá tratar na conversa com Trump, dizendo que isso seria “precipitado”, mas adiantou que não haverá assuntos vetados e que ele tem “muita coisa para conversar”. O presidente disse que irá colocar todos os problemas entre os dois países na mesa e que a soberania do Brasil não será posto em jogo, citando que “não se mete” na política eleitoral dos Estados Unidos.

“Tudo pode ser resolvido quando duas pessoas conversam. Eu acredito muito no poder de convencimento das palavras. Como eu sou muito verdadeiro, eu quero que ele saiba do Brasil o que é verdadeiramente do Brasil. (…) Brasil não tem de perder em relação com os Estados Unidos. Sempre negociei; perdi e ganhei, tem de ser acordo de ganha-ganha”, disse.

O presidente detalhou como foi o encontro com Trump que, segundo ele, ocorreu “por acaso” e o surpreendeu. “Eu estendi a mão ao Trump e disse que temos muitos assuntos para conversar”. Otimista, Lula disse na entrevista que o americano “pode mudar de ideia sobre o Brasil” e que, após o encontro, “tudo estará resolvido”. “Após o encontro, o Brasil pode ser quimicamente estável”, afirmou.

“Eu tinha acabado meu discurso e estava saindo, quando Trump veio do meu lado com cara agradável e simpática. Acho que pintou uma química mesmo com o presidente Trump”, disse o presidente Lula na coletiva de imprensa.

O presidente concedeu entrevista de imprensa após o final das agendas dele na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), que começaram na segunda-feira, 22. Durante a estada dele em Nova York, Lula fez um discurso com críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, durante a Assembleia-Geral da ONU. Ele volta ao Brasil com uma conversa marcada com Trump para a semana que vem.

Contato: aline.bronzati@estadao.com; gabriel.sousa@estadao.com

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