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8 de dezembro de 2025
Por Luci Ribeiro
Brasília, 08/12/2025 – O Investimento Social Privado (ISP) voltou a crescer no País, atingindo R$ 5,8 bilhões em 2024, segundo o Censo GIFE divulgado nesta segunda-feira. É o segundo maior valor da série de 13 anos, atrás apenas de 2020, quando a pandemia de covid-19 mobilizou recursos extraordinários.
Produzido pelo Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE), o Censo é referência em filantropia no Brasil. A edição 2024-2025 aponta crescimento sustentado do ISP nos últimos seis anos e diversificação temática, mesmo em cenário econômico com juros altos, incertezas fiscais e desigualdades persistentes.
“O setor tem mostrado capacidade de resposta a crises e compromisso em reduzir desigualdades estruturais”, afirma o secretário-geral do GIFE, Cassio França.
As “empresas mantenedoras” continuam como principais financiadoras, concentrando 45% dos recursos. Já o ISP independente – de origem em institutos e fundações não vinculados a empresas – subiu de R$ 354 milhões em 2014 para R$ 1,1 bilhão em 2024, ampliando sua presença na base do GIFE.
O Censo destaca o baixo uso de incentivos fiscais: apenas 15% do total investido depende desse mecanismo. “Grande parte dos recursos é aportada como filantropia direta, sem depender de renúncia fiscal”, diz França.
O repasse de recursos para Organizações da Sociedade Civil (OSCs) também cresceu, segundo mostra o levantamento. A proporção de OSCs que destinam parte do orçamento a terceiros subiu de 64% em 2022 para 72% em 2024. O volume repassado aumentou de R$ 350 milhões em 2016 para R$ 1,3 bilhão em 2024.
Clima
O Censo 2024-2025 mediu, pela primeira vez, os investimentos em agenda climática. Em 2024, R$ 368 milhões (6% do total) foram destinados ao tema, acima da média global, de 3%, segundo o relatório Funding Trends 2025.
Eventos extremos, como enchentes no Rio Grande do Sul, seca no Amazonas e incêndios no Pantanal, elevaram o apoio emergencial de R$ 112 milhões em 2022 para R$ 786 milhões em 2024. As ações se concentraram em educação ambiental e mobilização comunitária (44%), adaptação e resiliência (32%) e justiça climática e reparação (32%).
Diferentemente do financiamento internacional, mais concentrado na Amazônia, o ISP brasileiro atua em diversos biomas. Ainda assim, a Amazônia segue prioritária, com 78% das organizações atuantes. A presença em territórios historicamente negligenciados cresceu: em terras indígenas, de 7% para 14%; em quilombos, de 10% para 14%.
Diversidade
Investimentos em diversidade, equidade e inclusão (DEI) aumentaram, mas ainda ficam aquém das necessidades do País. Em 2024, 31% dos associados investiram em equidade racial (R$ 116 milhões), 25% em igualdade de gênero e direitos LGBTQIAPN+ (R$ 89 milhões) e 16% em inclusão de pessoas com deficiência (R$ 26 milhões).
A governança interna segue pouco diversa: 66% dos assentos nos conselhos são ocupados por homens e 89% por pessoas brancas. Apenas 26% das organizações têm pessoas não brancas em cargos decisórios. “O setor filantrópico tem potencial de gerar mudanças estruturais, orientando práticas, influenciando agendas e fortalecendo a atuação coletiva”, reforça França.
Desigualdades estruturais
O Censo GIFE 2024-2025, lançado em contexto de forte desigualdade social, registrou o maior número de respondentes entre as cerca de 170 instituições associadas. Para o GIFE, os dados indicam oportunidades de expansão do ISP, diversificação do perfil doador e consolidação de práticas mais estratégicas. “O setor filantrópico brasileiro pode ampliar impacto e contribuir para um país mais justo, sustentável e democrático”, conclui França.
A Rede GIFE é composta por investidores sociais de institutos ou fundações de origem empresarial, familiar, independente, comunitária ou empresas que investem em ações de interesse público. Na lista, estão, por exemplo, B3 Social, FTD Educação, Fundação Bradesco, Fundação Grupo Boticário, Fundação Grupo Volkswagen, Fundação Itaú, Fundação Raízen, Gerdau, Instituto Alcoa, Instituto Cyrela, Roche, Santander, Suzano, entre outros.
Contato: luci.ribeiro@estadao.com
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