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Fontes: Ambipar pode pedir recuperação judicial antes de vencerem os 30 dias de proteção

9 de outubro de 2025

Por Cynthia Decloedt e Alexandre Rocha

São Paulo, 08/10/2025 – A Ambipar, empresa de gestão de resíduos e atendimento a emergências ambientais, trabalha para levar à Justiça um pedido de recuperação judicial, movimento que pode ocorrer antes de vencer a proteção de 30 dias dada pela Justiça do Rio de Janeiro. Esse prazo termina por volta do dia 25 de outubro e é renovável por mais 30 dias.

A Broadcast apurou que a situação da Ambipar é frágil e exige um processo de reestruturação definitivo e rápido. A própria tutela cautelar antecedente obtida pela empresa demonstra que a companhia tem problemas de liquidez, que não tinham ficado explícitos no balanço do segundo trimestre, divulgado em agosto. A Ambipar tem pouco mais de R$ 10 bilhões em dívidas, conforme informou à Justiça. No entanto, nenhuma informação foi dada quanto ao caixa da empresa.

Segundo uma fonte próxima à questão, o pedido pode ser feito a qualquer momento e o que falta agora é tempo para avaliar a real situação financeira das 178 empresas operacionais da Ambipar.

De acordo com outra fonte, também com conhecimento do assunto, é necessário entender quais são as empresas que têm valor e quais pesam no negócio e podem ser, eventualmente, vendidas. A Ambipar adquiriu mais de 40 empresas desde sua estreia na B3, em 2020.

A Ambipar entrou na Justiça no fim do mês passado para suspender o pagamento de dívidas e o vencimento antecipado de títulos. A proteção foi buscada diante de um pedido feito pelo Deutsche Bank por mais garantias para compromissos financeiros de cerca de US$ 550 milhões (perto de R$ 3 bilhões).

No pedido de proteção, a empresa citou o risco de outros bancos também aceleraram a cobrança de dívidas. A Ambipar acumulou dívidas depois de uma sequência de aquisições feitas após a estreia do grupo na Bolsa, em 2020. O pedido de proteção na Justiça levou as agências de classificação de risco a rebaixar a nota da empresa para uma situação de calote (default).

Um dos impasses no processo apontado pelos bancos é a falta de clareza sobre a situação do caixa da companhia, que conforme as demonstrações financeiras é de R$ 4,7 bilhões.

Risco

Num documento enviado à Justiça, a Ambipar alega que a cobrança de dívidas coloca em risco mais de 23 mil empregos diretos e milhares de indiretos; interrupção do pagamento de cerca de R$ 500 milhões em tributos anuais; rompimento de contratos vitais de prevenção e resposta a emergências ambientais; prejuízos para mais de 12 mil acionistas, no Brasil e no exterior; e risco de liquidação antecipada de dívidas acima de R$ 10 bilhões.

Segundo a Ambipar, a medida judicial concedida foi responsável por evitar o colapso da companhia, que tem 600 bases operacionais em todo o mundo e desenvolve projetos em áreas como descarbonização, economia circular, transição energética e gestão de crises ambientais.

Procurada, a Ambipar não comentou.

Contatos: cynthia.decloedt@estadao.com e alexandre.rocha@estadao.com

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