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Fechamento câmbio: Dólar recua 0,71% e fecha no menor nível desde junho de 2024

12 de setembro de 2025

Por Antonio Perez

São Paulo, 12/09/2025 – O dólar exibiu queda firme nesta sexta-feira, 12, e encerrou os negócios no nível mais baixo desde o início de junho de 2024. Em dia marcado pelo viés de alta da moeda americana no exterior, o real não apenas se descolou como apresentou o melhor desempenho entre as divisas mais relevantes.

Além de eventual fluxo externo, com a perspectiva de aumento da atratividade do carry trade diante da provável redução de juros nos Estados Unidos na semana que vem, operadores afirmam que o real se beneficiou de um movimento de retirada de prêmios de risco no câmbio. Investidores estariam desfazendo posições defensivas na ausência de novas sanções do governo Donald Trump ao Brasil após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

A perspectiva de alinhamento das forças mais à direita do espectro político em torno do nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, na corrida presidencial de 2026 também teria contribuído para o recuo do dólar. Por ora, Tarcísio não fez críticas à decisão do STF nem voltou a pregar a favor da anistia a Bolsonaro, reduzindo os temores de um confronto direto com a Suprema Corte.

Após mínima de R$ 5,3452, à tarde, o dólar à vista terminou o pregão em queda de 0,71%, a R$ 5,3541 – menor valor de fechamento desde 7 de junho de 2024 (R$ 5,3247). A divisa encerra a semana com perda de 1,08%, o que leva a desvalorização em setembro a 1,25%. No ano, recua 13,37% em relação ao real, que tem o melhor desempenho entre divisas latino-americanas.

O economista sênior do Banco Inter, André Valério, ressalta que o real é uma das poucas divisas emergentes a se apreciar hoje. Ele atribui o movimento a uma combinação de maior atratividade do carry trade com as expectativas para a corrida eleitoral de 2026.

“A condenação do ex-presidente Bolsonaro pelo STF torna o cenário eleitoral mais claro, fortalecendo potencial candidatura do Tarcísio, que é bem-vista pelo mercado”, afirma Valério, que vê continuidade da tendência de apreciação do real. “O Fed irá cortar a taxa de juros em 25 pontos-base na quarta-feira e sinalizar uma sequência de cortes, favorecendo a posição de carry do real.”

Já o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, chama a atenção para um possível efeito do leilão de linha do Banco Central (BC) realizado hoje sobre a dinâmica do mercado de câmbio local. “Eu acho que a rolagem da linha teve efeito porque havia relatos de que o dólar pronto estava pressionado. Se fosse a questão eleitoral, a bolsa e os juros futuros deveriam estar bem também”, afirma Borsoi.

Pela manhã, o BC vendeu a oferta integral de US$ 1 bilhão em leilão de linha para rolar o vencimento de 2 de outubro. Foi aceita apenas uma proposta. A operação de recompra será liquidada em 3 de março de 2026.

Lá fora, o Índice Dólar (DXY) operou em ligeira alta e rondava os 97,642 no fim da tarde. O Dollar Index termina a semana – marcada por dados de inflação nos EUA – com leve queda. As principais divisas emergentes pares do real operam em baixa, à exceção do peso mexicano, que sobe pouco mais de 0,10%.

A perspectiva é de que o dólar continue a se enfraquecer com o início, na próxima quarta-feira, 17, de um ciclo de cortes de juros pelo Federal Reserve. Analistas alertam, porém, que a queda tende a ser menos intensa do que a observada até o momento, uma vez que o Dollar Index já recua 10% no ano.

Contato: antonio.perez@estadao.com

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