Plataformas Broadcast
Soluções de Dados e Conteúdos
Broadcast OTC
Plataforma para negociação de ativos
Broadcast Data Feed
APIs para integração de conteúdos e dados
Broadcast Ticker
Cotações e headlines de notícias
Broadcast Widgets
Componentes para conteúdos e funcionalidades
Broadcast Wallboard
Conteúdos e dados para displays e telas
Broadcast Curadoria
Curadoria de conteúdos noticiosos
Broadcast Quant
Plataformas Broadcast
Soluções de Dados e Conteúdos
Soluções de Tecnologia
15 de outubro de 2025
Por Aline Bronzati, correspondente
O presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, vê a relação entre o Brasil e os Estados Unidos caminhando na “direção certa” para um acordo no âmbito do tarifaço imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump. O setor aéreo brasileiro teve sua alíquota reduzida para 10%, mas, ainda assim, a taxação causa um “distúrbio muito grande” no segmento, conforme o executivo.
“O Brasil vai voltar a ter uma tarifa zero no setor de aviação. Só que precisa, como nos outros casos, de um acordo bilateral, que acho que está caminhando bem”, disse Gomes Neto à Broadcast, em Nova York, após evento da companhia com investidores e analistas, nesta terça-feira, 14. Europa, Reino Unido e Japão conseguiram zerar a taxação sobre o setor aeroespacial.
Na visão do executivo, o Brasil tem “boas chances” de conseguir zerar a alíquota do segmento ainda neste ano. No caso da Embraer, como boa parte dos componentes é americana, essa alíquota cai para algo entre 5% e 6%, segundo cálculos do executivo.
Ainda assim, o impacto é significativo, alerta o presidente da Embraer. “No caso da taxação de um café ou de um hambúrguer, o valor é pequeno. Mas em um avião, são US$ 2 milhões por avião, ou seja, R$ 10 milhões”, disse, lembrando que o tarifaço também penaliza produtos como o café e a carne do Brasil.
O presidente da Embraer afirmou que há interesse do lado dos EUA em torno de um acordo comercial com o Brasil, classificado por ele como uma boa saída para ambos os países. De acordo com Gomes Neto, o rápido encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump foi “muito positivo”, além da ligação por videoconferência.
Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, está a caminho dos EUA, onde deve desembarcar hoje, vindo da Europa, para se reunir com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, nos próximos dias. “Está fluindo”, avaliou Gomes Neto. “A intenção é positiva tanto do Brasil, quanto dos EUA”, acrescentou.
Questionado sobre se teve reuniões com interlocutores do governo Trump após a aproximação com o presidente Lula, ele disse que esse contato é frequente. De acordo com Gomes Neto, a gestão do Republicano “entende perfeitamente” os impactos do tarifaço para a Embraer, mas quer um acordo bilateral como fizeram com outros países.
A fabricante brasileira de aviões pretende importar cerca de US$ 21 bilhões dos EUA até 2030, enquanto exportará US$ 13 bilhões para o país no mesmo período, gerando um superávit de US$ 8 bilhões. “Os dois lados vão negociar. Dentro dessa negociação, a aviação é muito positiva para os Estados Unidos”, disse o CEO da Embraer.
“E se [esse acordo] acontecer, acho que temos uma boa chance de que a aviação estrangeira volte a ter tarifa zero, novamente, como vimos acontecer com a Europa, Reino Unido e Japão”, disse Gomes Neto, em coletiva de imprensa, mais cedo. Para ele, é possível conseguir zerar a alíquota ao setor de aviação ainda este ano, mas depende do acordo entre os dois países.
Segundo Gomes Neto, os fornecedores e os clientes da Embraer nos EUA “ajudaram” a desanuviar o caminho para que as conversas comerciais com o Brasil iniciassem. “Um secretário do governo Trump disse: ‘Pô todo mundo gosta de vocês aqui. Todo mundo pede para apoiá-los'”, conta, sem revelar o nome do secretário.
Cadeia de suprimentos
O presidente da Embraer destacou ainda o movimento de recuperação no setor de aviação após os estragos causados pela covid-19. Os gargalos na cadeia de suprimentos da indústria aeroespacial devem custar mais de US$ 11 bilhões para o setor aéreo global em 2025, prevê a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês) em estudo feito em parceria com a consultoria Oliver Wyman. Entre eles, estão problemas como esperas inéditas por aeronaves, motores e peças, além de cronogramas de entrega imprevisíveis.
“Temos alguns gargalos específicos, e estamos tentando gerenciar isso, mas vamos crescer neste e no ano que vem. Talvez, pudéssemos crescer até mais rápido, mas vamos crescer, e a cadeia vai acompanhar, com algumas dificuldades, mas vai acompanhar”, avaliou Gomes Neto.
Ao falar a investidores e analistas, mais cedo, o executivo reforçou a ambição de crescimento. “Olhando para o futuro, esperamos um crescimento substancial a médio prazo, enquanto preparamos a empresa para um crescimento mais ambicioso a longo prazo”, afirmou.
Veja também