18 de novembro de 2025
Por Cristina Canas, Karla Spotorno, Renan Monteiro, enviados especiais
Belém, 18/11/25 – A presidência da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) apresentou um primeiro rascunho do documento final e propôs a apreciação do texto em sessão plenária amanhã. “Os governos pediram para que a presidência trouxesse um primeiro rascunho para começarmos a ter decisões mais elaboradas”, afirmou Ana Toni, diretora-executiva da COP30.
“Agora depende da vontade de todos os países. Mas os negociadores estão vendo a movimentação do setor privado. Agora é preciso, na negociação, abrir os caminhos e reforçar a direção que se tomou desde o Acordo de Paris para que o setor privado possa trabalhar juntamente com os governos”, disse Toni. Ela também afirmou que o tema da adaptação é uma prioridade para a presidência da COP, para países em desenvolvimento e setor privado. “Mas tem uma negociação específica para adaptação, que faz ponte com os textos de negociação”, afirmou.
Ontem à noite, o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, publicou a décima primeira carta. No texto, Corrêa do Lago mencionou os temas de negociação e a previsão de os trabalhos serem encerrados no último dia da COP30. Nas últimas edições, as decisões que são feitas por consenso entre os mais de 190 países avançaram fim de semana adentro.
Os temas citados na carta são: Decisão do Mutirão, Meta Global de Adaptação, Programa de trabalho da União dos Emirados Árabes para a transição justa, Programa de trabalho de ambição e implementação de mitigação de Sharm el-Sheikh, Planos Nacionais de Adaptação, Revisão Global (três itens), Artigo 9.5, Artigo 2.1.c, Questões relacionadas ao fórum sobre o impacto da implementação de medidas, Questões relacionadas ao Comitê Permanente de Finanças, Fundo Verde para o Clima e o Fundo Global para o Meio Ambiente, Relatório do Fundo para resposta a Perdas e Danos e orientações ao Fundo para resposta a Perdas e Danos, Relatório de e questões relacionadas ao Fundo de Adaptação, Programa de Implementação Tecnológica, questões relacionadas ao Art 13.
Leia abaixo a íntegra da carta:
Caros colegas, caros amigos,
À medida que iniciamos a segunda semana da COP30, desejo agradecer-lhes – pela sua dedicação, abertura e resiliência. A primeira semana foi marcada por discussões produtivas e um renovado espírito de cooperação. Agora começa o momento em que as palavras devem se transformar completamente em ação.
Já não somos mais uma presidência entrante. Somos uma presidência viva. A partir deste momento, a Presidência convoca todos os negociadores a se juntarem em um verdadeiro mutirão – uma mobilização coletiva de mentes, corações e mãos.
Trabalhemos lado a lado, numa força-tarefa, para entregar o Pacote de Belém: de forma rápida, justa e com cuidado para todos. Aceleremos o ritmo, superemos divisões e foquemos não no que nos separa, mas no que nos une em propósito e humanidade. Pois o mundo não está apenas observando o que decidimos, mas como decidimos: se nosso processo reflete confiança, generosidade e coragem. Mais importante, o mutirão pode mostrar nossa capacidade de trabalhar juntos em resposta à urgência.
Propomos completar uma parte significativa do nosso trabalho até a noite de amanhã, para que uma plenária para aprovar o pacote político de Belém possa ocorrer até o meio da semana. Ao empreender nosso mutirão, propomos que priorizemos trabalhos em questões que são inter-relacionadas e interdependentes, além de questões que requerem trabalho técnico que pode ser tratado autonomamente: Decisão do Mutirão, Meta Global de Adaptação, Programa de trabalho da União dos Emirados Árabes para a transição justa, Programa de trabalho de ambição e implementação de mitigação de Sharm el-Sheikh, Planos Nacionais de Adaptação, Revisão Global (três itens), Artigo 9.5, Artigo 2.1.c, Questões relacionadas ao fórum sobre o impacto da implementação de medidas, Questões relacionadas ao Comitê Permanente de Finanças, Fundo Verde para o Clima e o Fundo Global para o Meio Ambiente, Relatório do Fundo para resposta a Perdas e Danos e orientações ao Fundo para resposta a Perdas e Danos, Relatório de e questões relacionadas ao Fundo de Adaptação, Programa de Implementação Tecnológica, questões relacionadas ao Art 13. Se necessário, continuaremos até 21 de novembro – juntos, para que ninguém fique para trás e cada voz seja ouvida. Todos os outros itens visam ser concluídos em 21 de novembro.
Lado a lado com o resultado negociado, o legado de Belém pode ser o de restaurar nosso próprio processo – nossa confiança mútua, nossa capacidade de trabalhar juntos hoje e nossa habilidade de alavancar a diversidade como uma força para agregação, e não fragmentação.
E enquanto trabalhamos, lembremo-nos do que nos une nesta oportunidade única: Estamos unidos na celebração do décimo aniversário do Acordo de Paris; com o ciclo da política do Acordo de Paris em plena ação; e respondendo à urgência através da implementação acelerada, solidariedade e cooperação internacional.
Estamos aqui no Brasil para co-criar juntos através do mutirão, um conhecimento tradicional herdado pela sociedade brasileira e nascido da cooperação, não da competição. Que cada delegação pergunte não apenas o que pode levar para casa de Belém, mas o que pode contribuir para fortalecer o multilateralismo, conectar o regime climático à vida diária das pessoas e acelerar a implementação do Acordo de Paris.
Os riscos são altos, mas também é o nosso potencial. Enviemos uma mensagem clara e simples para o mundo: Podemos mudar por escolha, juntos.
Contato: cristina.canas@estadao.com, karla.spotorno@estadao.com, renan.monteiro@estadao.com
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