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9 de outubro de 2025
Por Talita Nascimento
São Paulo, 09/10/2025 – O setor de mineração avalia que tem capacidade para reduzir até 90% de suas próprias emissões de carbono até 2050, além de produzir itens que têm potencial para contribuir com reduções substanciais das emissões na siderurgia. Os dados são da Coalizão Minerais Essenciais, iniciativa que reúne 14 entidades e empresas do setor de mineração, e que apresentou o estudo nesta quinta-feira ao presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago. A ação é liderada pelo Conselho Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), a Vale e o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM).
A Coalizão analisou três escopos de contribuição da mineração para a descarbonização e a transição energética global. O primeiro, voltado para a diminuição de emissões da própria atividade de mineração, apontou redução potencial de até 80% das emissões do setor e a neutralização de cerca de 14% das emissões, levando a uma redução total de cerca de 90% até 2050. Foram estipuladas cinco alavancas para que esse cenário seja atingido: eficiência energética; uso de biocombustíveis; expansão do uso de eletricidade de fontes renováveis; eletrificação de frotas e equipamentos; e recuperação de áreas degradadas para neutralizar emissões residuais.
Um segundo eixo, dedicado a contribuições da mineração para reduzir as emissões da cadeia global do minério de ferro, indicou que as reduções podem chegar a 110 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (MtCO2e) em 2050 por meio de produção de insumos para o aço de baixo carbono, como pelotas e briquetes. Com esses aglomerados de minério de ferro, é possível reduzir o uso de altos-fornos, substituindo esse método por fornos eletrificados, de mais baixa emissão
A estimativa é de que a oferta brasileira desses produtos alcance 45 milhões de toneladas (Mton) de insumos em 2035, volume suficiente para viabilizar a produção de aproximadamente 35 Mton de aço globalmente por rotas de redução direta. Se esse mesmo volume fosse produzido pela rota integrada tradicional, as emissões associadas seriam da ordem de 80 MtCO2e. Considerando o mix projetado – com 90% da produção via gás natural e 10% via hidrogênio – as emissões seriam de 45 MtCO2e, resultando em redução de 35 MtCO2e globalmente.
Para 2050, o potencial se amplia. A projeção é que o Brasil possa fornecer 50 milhões de toneladas de insumos do tipo, viabilizando cerca de 40 milhões de toneladas de aço globalmente em rotas totalmente baseadas em hidrogênio de baixo carbono. Nessa hipótese, enquanto produção tradicional geraria emissões da ordem de 90 MtCO2e, a adoção integral da rota a hidrogênio reduziria esse valor para 10 MtCO2, o que representaria uma redução de aproximadamente 80 MtCO2e.
Já em relação aos minerais de transição energética – como cobre, níquel, bauxita, lítio, terras raras, entre outros -, a Coalizão estima que o setor mineral brasileiro pode dobrar a produção desses minerais até 2050, levando a uma redução das emissões totais do País de até 300 MtCO2e por ano em 2050, o equivalente às emissões totais dos estados de São Paulo e Minas Gerais somadas em 2023.
Para a vice-presidente de Sustentabilidade da Vale, Grazielle Parenti, para que toda essa potencialidade do setor seja atingida, é necessário que haja um cenário regulatório e econômico que estimule esse processo. “Se eu tivesse de destacar um único ponto, seria o mercado de carbono global. Não basta só o brasileiro, não basta só estar na Europa. Precisamos, assim como os minérios são commodities globais, de um mercado de carbono global”, afirmou à Broadcast. Ela explica que isso criaria demanda por produtos de baixo carbono e, consequentemente levaria os clientes a pagarem a mais por esses produtos, o que ajudaria a viabilizar economicamente esse segmento.
Para se ter uma ideia da necessidade de investimentos para a redução de emissões nos níveis pretendidos, o setor de aço (que transforma o minério de ferro) tem uma média anual de investimentos de US$ 111 bilhões. Para promover a descarbonização, serão necessários US$ 129 bilhões em investimentos anuais até 2050, o que soma um total de cerca de US$ 3,2 trilhões, segundo dados de um estudo do Fórum Econômico Mundial.
No entanto, de acordo com a presidente do Cebds, Marina Grossi, todas as iniciativas têm sido tomadas sem esperar que novos investimentos venham. “Ninguém está parado aqui. Esse estudo não é para falar que, se não vier um recurso, não faremos. Isso está sendo feito. Está sendo feito de qualquer maneira. E vai continuar sendo feito”, disse.
Em sua visão, as propostas das coalizões que têm sido entregues à presidência da COP 30 funcionam como balizadoras para as metas e iniciativas do poder público na alocação de recursos. “É uma forma de tangibilizar uma trajetória que estava obscura”, diz Grossi.
Contato: talita.ferrari@estadao.comP
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