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11 de novembro de 2025
Por Cristina Canas e Karla Spotorno, enviadas especiais
Definida como a COP da implementação – onde devem preponderar discussões sobre financiamento para ações climáticas -, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas está começando nesta segunda-feira, em Belém, com ampla participação do mercado financeiro brasileiro. Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) uniram-se para levar ao evento exemplos de como o financiamento a atividades sustentáveis pode ser atraente ao investidor.
A expectativa entre os executivos do setor está grande e é de que o evento se torne uma oportunidade para “escalar” os exemplos bem sucedidos que colecionam, principalmente entre os estrangeiros. “Esperamos que a COP30 acelere a criação de mecanismos financeiros inovadores, atraia investimentos internacionais e reforce a imagem do País como líder em finanças sustentáveis”, afirma o presidente da Febraban, Isaac Sidney.
“É importante que a gente construa essa agenda mostrando aos participantes que aqui há uma oportunidade de negócios. É claro que se você não tiver o meio ambiente funcionando, as empresas realizando as suas atividades com segurança e a sociedade com uma rede de proteção para seguir em frente, nada tem propósito. A gente quer mostrar que existem oportunidades de negócio sustentáveis em especial no Brasil”, diz o presidente da Anbima, Carlos André. Ele ressalta a “biodiversidade gigante, um ecossistema pujante e as fontes de energia renováveis diversas” do País.
A ideia é mostrar esse cenários para as 194 delegações, mais a União Europeia, vindas de todo o mundo, que somam cerca de 50 mil pessoas e que circularão por Belém até o próximo dia 21.
Participação das seguradoras
Grandes bancos já participaram de outras COPs, embora de forma mais tímida. O setor de seguros brasileiro começou a fazer isso há dois anos, na COP28, em Dubai. “As estimativas apontam para danos da ordem de US$ 350 bilhões por ano causados por eventos climáticos. Desse total, apenas US$ 150 bilhões estão cobertos pelo setor segurado. E pior: esse número cresce a ano a ano de uma forma imprevisível que está afetando os modelos de cálculos das empresas”, afirmou o presidente da CNSeg e ex-ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, ressaltando a importância do setor se engajar na pauta ESG.
Para Dyogo, a COP30 traz uma diferença importante em relação às edições anteriores, por equilibrar melhor os temas da agenda global. “O foco das outras estava mais em mitigação. Nessa COP, adaptação ganhou bastante espaço. E é nesse tema que o setor segurador pode contribuir bastante”, disse o executivo. Ele defende que a agenda de adaptação e resiliência climática é muito urgente “haja visto o que aconteceu no Rio Grande do Sul” em 2025.
Esse tema está entre as preocupações também da Febraban. “Riscos climáticos afetam operações, investimentos, crédito e reputação das instituições. Os bancos brasileiros já incorporam práticas ESG e atuam na gestão de riscos socioambientais e climáticos nas operações com clientes, canalizando a atividade bancária para uma agenda mitigadora de riscos”, afirma Isaac Sidney.
Ações
Entre os passos que o mercado financeiro tem dado em direção a uma economia sustentável, estão, por exemplo, o desenvolvimento de taxonomias socioambientais, para apoiar financiamentos e produtos financeiros, e um protocolo específico para tratar do gerenciamento de risco de desmatamento ilegal na cadeia de carnes, considerando que o Brasil é o maior exportador de proteína bovina do mundo. Além disso, foram criadas algumas linhas com juros mais atraentes para operações sustentáveis, emissões de papéis ESG, entre outros.
Segundo a Febraban, em 2024, 21,2% do crédito para pessoa jurídica, mais de R$ 445 bilhões, foram direcionados para a economia verde. Os dados mostram, ainda, que desde a primeira emissão de um título rotulado por um banco brasileiro em 2020, já foram captados mais de R$ 43 bilhões.
No setor de seguros, Dyogo cita exemplos de ações de outros países, mas pondera que eles não devem ser replicados integralmente no Brasil. Na França, segundo ele, as apólices de seguro residencial recolhem um valor destinado a um fundo voltado para riscos climáticos e que conta com a participação de seguradoras, resseguradoras e poder público. No México, há um fundo público voltado para desastres naturais que contrata seguro de mercado com foco em infraestrutura.
“Nenhum desses exemplos podem ser simplesmente ‘importado’ para o Brasil, pois as realidades são diferentes”, diz o executivo. Na França, 95% das residências têm seguro residencial, o que torna a arrecadação de recursos bastante ampla, segundo Dyogo. No Brasil, somente 15% das casas são seguradas. Ele pontua que há diferenças entre o Brasil e o México também. “Nosso problema mais frequente são enchentes, alagamentos e não furacões e terremotos, como no México”, afirmou.
Nesse contexto, Dyogo adiantou que, durante a COP30, a confederação vai lançar duas ferramentas online de análise de riscos climáticos no Brasil. Uma fará a análise de risco de alagamentos por CEP. Outra fará a análise de conformidade de imóveis rurais com questões sociais e ambientais. “As duas ferramentas estarão disponíveis gratuitamente num primeiro momento”, afirmou Oliveira.
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