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Castro: Discordo de todos que falam que eu devia ter pedido GLO, pedi ajuda ao governo federal

29 de outubro de 2025

Por Geovani Bucci e Pepita Ortega

São Paulo e Brasília, 29/10/2025 – O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), afirmou nesta quarta-feira, 29, que “discorda” de quem defende que ele deveria ter pedido uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para permitir uma intervenção das Forças Armadas no Estado. Durante coletiva de imprensa, o governador ressaltou que pediu apoio ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas não obteve retorno.

Segundo ele, não cabe aos governadores solicitarem uma GLO, mas sim ajuda operacional e institucional. “O governador não tem que pedir GLO. O governador pede ajuda, pede gente, infraestrutura, recurso, inteligência. O instrumento jurídico quem define é o governo federal”, afirmou. Castro acrescentou que seria “um desrespeito” indicar ao Planalto qual mecanismo deveria ser utilizado, assim como seria desrespeitoso se o governo federal dissesse o que ele deve fazer no Estado.

O governador disse ainda que as conversas com o governo federal têm se concentrado na questão da segurança no Rio. Relatou que o tema das reuniões recentes foi exclusivamente o enfrentamento às lideranças criminosas e que sua única tratativa com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, até o momento, foi sobre transferências de detentos para presídios federais.

Segundo ele, o gabinete do ministro Ricardo Lewandowski também entrou em contato, informando o interesse do titular da Justiça em visitar o Estado após uma reunião com o presidente Lula. Castro afirmou que ainda aguarda a confirmação do horário do encontro.

O governador acrescentou que já há 200 agentes da Força Nacional atuando no Estado, enviados ainda na gestão do ex-ministro da Justiça Flávio Dino, com foco em coibir o roubo de cargas nas rodovias federais. Ele avaliou que não é possível medir com precisão a efetividade da operação, mas disse que “toda ajuda é válida”. Segundo ele, há 58 mortos confirmados. Desses, quatro são “vítimas” (policiais).

Castro também explicou que a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) não participavam da investigação da operação mais recente e que o uso de blindados da Marinha foi solicitado por razões técnicas. Segundo o governador, os veículos têm capacidade para romper barricadas e garantir segurança ao avanço das forças policiais.

Ele disse que o pedido foi motivado por estratégia, não por vontade de “usar blindados”, e destacou que o Estado é impedido de comprar esse tipo de equipamento, de uso exclusivo das Forças Armadas. Ele destacou a “vontade” de colaborar da PF e fez um elogio público.

“Se não dá pra contar com apoio, a gente vai lá e faz a operação. E ela foi um sucesso”, afirmou, ao defender a ação. Castro lamentou as mortes de policiais, mas disse que “o restante da operação foi bem-sucedido”.

Ao rebater comparações com antigas políticas de segurança, o governador afirmou que a atual estratégia não tem relação com as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), criadas em 2008. Ele afirmou que a prioridade é resolver o problema da criminalidade, e não buscar indicadores positivos. “O governo do Rio não faz acordo para ter índice bom. A agenda aqui não é política nem eleitoral; é de solução para milhões de cariocas e fluminenses”, disse.

Contato: geovani.bucci@estadao.com

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