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Café/Abic: pesquisa mostra que encarecimento da bebida causa redução do consumo

29 de setembro de 2025

São Paulo, 29/09/2025 – O café, consumido por 98% da população brasileira, passa por mudanças nos padrões de consumo, segundo pesquisa de uma série recorrente, realizada nos anos de 2019, 2021, 2023 e 2025, encomendada pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). O destaque negativo fica para os 24% que reduziram o consumo, a maior taxa da série histórica. Esse recuo está diretamente associado ao encarecimento da bebida: nos últimos dois anos, o café figurou entre os alimentos que mais subiram no IPCA, com altas superiores a 70%, segundo IBGE e Abic.

Segundo o estudo, o impacto do valor também aparece na forma de comprar e consumir café. Quase quatro em cada dez consumidores (39%) afirmaram optar pela opção mais barata, mais que o dobro de 2023 (16%). A fidelidade às marcas cede lugar à busca pelo menor valor. Nas cafeterias, o movimento é semelhante: a frequência caiu de 51% em 2023, para 39% em 2025. O levantamento mostra que os principais motivos para a queda são preços elevados, mau atendimento e qualidade inconsistente da bebida. Para muitos, preparar o café em casa se torna a alternativa mais viável, não apenas pelo custo, mas, também, pelo conforto e conveniência.

A pressão econômica também influencia onde e como o café é adquirido. Os atacarejos aumentaram sua participação de 24,6% (2023) para 28,2% (2025), enquanto pequenos varejistas e cafeterias perderam espaço. No ambiente digital, o YouTube desponta como principal fonte de informação sobre café para 13,2% dos consumidores, contra 8,6% em 2023, superando redes sociais e até sites especializados.

“Mesmo em um cenário de alta expressiva nos preços, o café segue presente no cotidiano dos brasileiros, mas de forma mais moderada e seletiva. A pesquisa revela que o consumidor não abre mão da bebida, mas está adaptando seus hábitos ao novo contexto econômico”, comentou em nota o pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e coautor do estudo, Sérgio Parreiras Pereira.

Em 2019, 29% dos entrevistados declararam tomar mais de seis xícaras de café por dia. Em 2021, a porcentagem era de 30%, já em 2023, a porcentagem foi de 29% e, em 2025, o índice foi para 26%. Já o grupo que consome até duas xícaras segue crescendo: em 2019, o índice foi de 8%, em 2021 e 2023 foi de 10% e, agora, em 2025, o índice chegou a 14%.

A pesquisa “Café – Hábitos e Preferências do Consumidor (2019-2025)”, encomendada pela Abic, foi realizada pela quarta vez pelo Instituto Axxus, em parceria com o IAC e o Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia (NEIT) da Unicamp. O levantamento, realizado em setembro de 2025, entrevistou 4.200 pessoas em todas as regiões do País, por meio de questionários presenciais aplicados com rigor metodológico. O objetivo foi compreender como e por que os brasileiros estão alterando seus hábitos de consumo de café, em um contexto marcado pela alta expressiva dos preços do produto nos últimos dois anos.

Nesta edição, o estudo acompanha a evolução do consumo ao longo de momentos marcantes da sociedade brasileira: 2019 – antes da pandemia de Covid-19; 2021 – durante a pandemia, quando houve mudanças profundas nos hábitos dentro de casa; 2023 – após a reabertura, com retomada de atividades presenciais, e 2025 – em um cenário de forte pressão de preços no varejo.

(Equipe AE)

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