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Boulos diz que Motta comete erro muito grave na condução da Câmara e age com ‘2 pesos, 2 medidas’

12 de dezembro de 2025

Por Vera Rosa e Gabriel Hirabahasi

Brasília, 12/12/2025 – O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos, disse nesta sexta-feira, 12, que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), está cometendo erros muito graves na condução da Casa. Para Boulos, Motta age com “dois pesos e duas medidas”.

“É inaceitável a maneira como têm sido conduzidas questões na Câmara dos Deputados. Ter pautado o projeto da anistia envergonhada e ter trabalhado por sua aprovação é um erro grave, que coloca a Câmara de costas para o povo brasileiro”, afirmou Boulos, em referência à aprovação do projeto de lei que reduz penas para o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros condenados pelos atos do 8 de Janeiro.

Questionado se concordava com afirmações do líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), segundo as quais Motta deveria renunciar ao cargo, Boulos evitou uma resposta direta. “Lindbergh é líder do PT. Eu hoje sou deputado licenciado (do PSOL) e respondo pelo governo”, disse o ministro.

Boulos observou, porém, que Motta agiu com “dois pesos e duas medidas” ao mandar a Polícia Legislativa da Câmara retirar à força de sua cadeira o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), na quarta-feira, agredindo também parlamentares e jornalistas.

“A anistia envergonhada foi aprovada no mesmo dia em que tivemos aquela cena lamentável, com jornalistas e parlamentares agredidos, sendo que há pouco tempo deputados bolsonaristas ficaram naquela Mesa por dois dias e foram tratados a pão de ló”, criticou o ministro.

No dia seguinte, na quarta-feira, 10, Glauber Braga não foi cassado pela Câmara, mas teve o mandato suspenso por seis meses. A deputada Carla Zambelli (PL-SP) também não foi cassada, mas o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou que ela perca o mandato imediatamente.

O PT, movimentos sociais e artistas convocaram manifestações em todo o País para o próximo domingo, 14, sob o slogan “Democracia não se negocia”. Os atos têm como mote as críticas ao Congresso, principalmente à Câmara, que aprovou a redução de pena para Bolsonaro e outros condenados pelo STF.

Na avaliação do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, está em curso uma “força-tarefa da extrema direita” para chantagear o STF.

“Querem ganhar o Senado (nas eleições de 2026) para fazer chantagem com o Judiciário. Não é por um projeto de país”, destacou Boulos.

Em 2026, estão em disputa 54 das 81 cadeiras do Senado. Aliados de Bolsonaro avaliam que, se conquistarem maioria na Casa, conseguirão aprovar o impeachment de ministros do STF.

“Querem botar a faca no pescoço do Judiciário para anistiar o bando de golpistas”, afirmou Boulos.

Contatos: vera.rosa@estadao.com e gabriel.hirabahasi@estadao.com

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