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BIS: Derivativos avançam em países emergentes, mas enfrentam barreiras de expansão

8 de dezembro de 2025

Por Aline Bronzati, correspondente

Nova York, 08/12/2025 – O mercado de derivativos em países emergentes tem crescido, sobretudo em contratos de câmbio, mas ainda enfrenta desafios para se tornar mais parrudo em relação ao tamanho de suas economias, avalia o Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), em relatório trimestral, publicado hoje. Para o organismo considerado o ‘banco central dos bancos centrais’, faltam medidas domésticas de estímulo para que o segmento se torne “mais profundo e resiliente”.

A participação de moedas emergentes nos mercados de derivativos globais alcançou um novo recorde de 29%, segundo pesquisa do BIS. A China lidera, com crescente uso de sua moeda no comércio e investimento.

Mas, apesar do “crescimento substancial” dos emergentes nos contratos cambiais entre 2022 e 2025, esse mercado ainda é pequeno em relação ao tamanho da economia desses países, conforme o organismo, com sede em Basileia, na Suíça. Por sua vez, o mercado de derivativos de taxas de juros em países emergentes segue menor, respondendo por cerca de 5% do volume global de negócios.

De acordo com o assessor econômico e chefe do Departamento Monetário e Econômico do BIS, Hyun Song Shin, os mercados de derivativos em países emergentes são “particularmente importantes” porque garantem proteção aos investidores estrangeiros. Assim, permitem uma maior presença da comunidade internacional e também de forma “muito mais estável” em momentos de maior volatilidade.

“De fato, os eventos de abril mostram o que pode acontecer quando os investidores não estão protegidos”, disse Shin, em coletiva de imprensa para comentar o relatório, referindo-se ao dia do anúncio do tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Segundo ele, sem proteção como a oferecida pelo mercado de derivativos, investidores estão expostos tanto à taxa de câmbio quanto ao preço do ativo. “E isso tende a amplificar esses movimentos de mercado”, avaliou.

“Os mercados de derivativos são também importantes para os investidores domésticos de mercados emergentes que investem no exterior”, acrescentou. Isso porque eles podem se proteger de diferentes riscos como, por exemplo, o câmbio.

Para o BIS, a ausência de mercados futuros de títulos do governo negociados em bolsa e a concentração de clearings, que fazem o registro e a compensação dos contratos, em Londres e nos Estados Unidos, continuam a dificultar o desenvolvimento e o aprofundamento dos derivativos nos países emergentes. No entanto, estabelecer clearings locais nessas geografias enfrenta desvantagens competitivas significativas devido à escala e aos efeitos de rede das centrais globais, avaliam os economistas do BIS Torsten Ehlers e Karamfil Todorov.

Esses desafios reforçam a necessidade de iniciativas públicas domésticas para fomentar mercados mais profundos e resilientes nos países emergentes, avalia o ‘pai dos bancos centrais’. “Certamente, o desenvolvimento do mercado de derivativos em países emergentes será muito importante”, concluiu Shin.

Contato: aline.bronzati@estadao.com

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