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ArcelorMittal e Casa dos Ventos antecipam operação de usinas na Bahia

24 de novembro de 2025

Por Luciana Collet

São Paulo, 24/11/2025 – A ArcelorMittal e a Casa dos Ventos conseguiram antecipar o início da operação de seu complexo eólico e solar na Bahia. Frutos de uma joint venture entre as duas empresas, os empreendimentos somam mais de 750 megawatts (MW) de potência instalada e aproximadamente R$ 5 bilhões em investimentos.

Na primeira fase, o complexo eólico Babilônia Centro, de 550 MW e R$ 4,2 bilhões em investimentos, estava previsto para iniciar operação neste fim de 2025, mas está operacional desde meados do ano. “Isso trouxe também um ganho econômico para nós este ano, em função dessa geração antecipada”, disse o presidente-executivo da ArcelorMittal Aços Longos América Latina, Everton Negresiolo, à Broadcast, sem revelar números.

Já a usina solar de 200 MW instalada no mesmo local iniciou a fase de testes e a perspectiva é estar 100% operacional até dezembro, também antes do previsto, comentou o diretor-executivo da Casa dos Ventos, Lucas Araripe. “A gente chega a mais de 310 megawatts médios (MWmed) de geração dedicados à ArcelorMittal”, disse, salientando se tratar do maior contrato de compra e venda de energia corporativo da história do País.

Diferente da maior parte dos projetos recentes de autoprodução, em que o investimento na usina é feito pelo gerador de energia e o consumidor entra como sócio – ou arrendatário – do empreendimento apenas após o início da operação, fugindo dos riscos de construção, neste caso as empresas formaram uma parceria e assumiram juntas o projeto desde o início das obras. Arcelor Mittal tem 55% da joint venture e o contrato é de 20 anos.

Com a energia firme das duas usinas, a produtora de aço garante mais de 40% das necessidades de eletricidade nas suas unidades fabris no Brasil até 2030. A energia elétrica representa entre 3% e 6% da matriz de custo da companhia. Por isso, Negresiolo defende que a iniciativa de investir nessas usinas representa um ganho em múltiplas frentes: seja do ponto de vista econômico, já que a energia será produzida a um preço competitivo, seja do ponto de vista ambiental, pois colabora no processo de descarbonização do aço.

Ele não revela qual a economia estimada com os novos empreendimentos, mas a companhia estima que evitará a emissão de mais de 204 mil toneladas de CO2 anualmente. A empresa tem como meta alcançar 100% de energia elétrica renovável até 2030 e zerar as emissões líquidas de carbono até 2050.

Expansão

Além da parceria com a Casa dos Ventos, a siderúrgica já se comprometeu com mais um projeto de autoprodução, desta vez junto à Atlas Renewable Energy. Trata-se de uma usina solar localizada em Minas Gerais, com 269 MW de potência e quase R$ 900 milhões em investimentos, que proporcionará mais 74 MW médios adicionais de fornecimento. Também neste caso, a expectativa é que o empreendimento entre em operação entre o fim deste ano e o início de 2026.

Com isso, diz Negresiolo, a ArcelorMittal alcançará 65% de autoprodução, considerando as necessidades de energia de 2030. Além das três novas usinas, a companhia também possui geração hidráulica a partir de uma hidrelétrica de pequeno porte em Minas Gerais e obtém parte de suas necessidades a partir da reutilização de gases gerados em seus alto-fornos.

Novos investimentos, para além desses em curso, não estão nos planos da siderúrgica no momento. O executivo cita o cenário de incertezas trazido pelos crescentes cortes de geração renovável, conhecidos no setor curtailment, e pela perspectiva de mudança nas regras com a Medida Provisória (MP) 1.304/2025, que altera diversos pontos do marco regulatório setorial.

“É um momento de esperar e entender como vai funcionar o sistema elétrico, principalmente relacionado à autoprodução, relacionado à divisão de custos do sistema, enfim, tudo que tá sendo discutido na MP”, comentou.

Já no que diz respeito ao curtailment, ele afirma que os cortes que vêm sendo observados no complexo eólico Babilônia estão superiores aos previstos dentro do modelo econômico do projeto, o que reforça o “estado de wait and see“. Ele diz esperar que essa questão seja equacionada, e salienta que a usina tem outorga de 35 anos.

Do lado da Casa dos Ventos, por sua vez, a expectativa é de novos saltos. Com a entrega das usinas em parceria com a Arcelor Mittal, a empresa chega a cerca de 3 gigawatts (GW) instalados e em operação comercial. A empresa já possui mais 1,2 GW em obras, projetos que devem entrar em operação em 2026. Adicionalmente, a geradora pretende tomar decisão de investimento até o final do ano para iniciar os trabalhos de construção de adicionais 2,1 GW.

“São complexos eólicos e solares que estamos avançando com PPAs [contratos de compra e venda de energia, na sigla em inglês], estamos avançando aqui dentro da governança para aprovar a execução desses projetos, que entram em operação em 2027”, reforçou Araripe. Com isso, a empresa dobraria a capacidade instalada, chegando a 6,5 GW.

Contato: Luciana.collet@estadao.com

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