Selecione abaixo qual plataforma deseja acessar.

Bastidores: Um novo ano com todos os filhos dos presidentes

31 de dezembro de 2025

Por Roberto Godoy, do Estadão

São Paulo, 31/12/2025 – Desde 1954, a Nação não se debruçava tanto sobre o que se diz e se pensa a respeito de familiares de um presidente. A cena atual tem um complemento único na história do País: as atenções também voltadas para as confusões dos filhos de um ex-presidente.

É notável a insistência com que os nomes da prole de Lula aparecem nas investigações da Polícia Federal. Primeiro foi o enteado, Marcos Cláudio Lula da Silva. Ele surpreendeu os agentes que bateram na porta da casa de sua ex-mulher, Carla Ariane Trindade, em Campinas, para cumprir um mandado de busca durante a Operação Coffee Break. Eram 6 horas, horário incomum para um ex-marido abrir a porta da casa da ex-mulher. Enfim, a ex-nora é suspeita de receber propinas de um empresário preso na operação, em 12 de novembro. Na mesma investigação surgiu um ex-sócio de Fábio Luís, o Lulinha.

Lulinha escapou, por enquanto, de ser convocado a depor em outro caso, o investigado pela CPI do INSS. Mas a Operação Sem Desconto mostrou que o Careca do INSS fez repasses de R$ 300 mil a uma ricaça e encontrou mensagens que sugerem que o dinheiro era destinado ao “filho do rapaz”. Na Coffee Break há fotos e mensagens que mostram que a máfia da Educação tinha conexões com aquela do INSS, o que sugere que malfeitores dos dois esquemas estariam juntos e misturados.

As aparições dos familiares do presidente obrigaram Lula a dizer: “Se tiver filho meu metido nisso, ele será investigado”. O que os petistas temem não são os inquéritos e CPIs, mas a campanha eleitoral de 2026. É nela que a oposição vai questionar os papéis dos filhos de Lula, estratégia que não deve ser diferente da que o PT deve lançar: expor os filhos de Bolsonaro.

Flávio, o ungido pelo pai como pré-candidato à Presidência, hoje vive às turras com o STF, mas no passado contou com decisões da Corte para paralisar as investigações sobre a rachadinha em seu gabinete. Era retratado como o “filho rico do presidente”, dono de imóveis, lojas e influente nos tribunais. E não foi o único a ocupar o noticiário em 2025. Eduardo se aboletou nos EUA, onde, além de frequentar a Disney, fez lobby para prejudicar o País com tarifas e ameaças a magistrados em razão do processo que o pai respondia no Supremo. Conseguiu apenas perder o mandato e ganhar um processo por obstrução de Justiça no STF.

Por fim, 2026 reserva espaço a Carlos, que pretende se candidatar ao Senado por Santa Catarina em uma manobra que promete dividir a direita e permitir à esquerda obter no Estado uma, até então, improvável vaga no Senado. Enfim, o que 2026 promete é um ano com muitos dos filhos dos presidentes.

Veja também