Selecione abaixo qual plataforma deseja acessar.

Ocepar: mesmo com gripe aviária e tarifaço, cooperativas do PR crescem em 2025

30 de dezembro de 2025

Por Gabriel Azevedo

São Paulo, 30/12/2025 – Após um ano marcado pelo impacto da gripe aviária no mercado de proteína animal, tensões comerciais com os Estados Unidos e instabilidades climáticas, o cooperativismo paranaense deve encerrar 2025 com faturamento de R$ 220 bilhões, crescimento de 8% ante 2024, com o ramo agropecuário representando mais de 80% desse total, segundo mensagem de fim de ano divulgada, ontem (29), pelo presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken.

O cooperativismo paranaense, que reúne 255 cooperativas em sete ramos de atividade, fechou o exercício com R$ 202 bilhões em 2024. O resultado líquido estimado para 2025 deve permanecer próximo de R$ 10 bilhões, nível semelhante ao do ano anterior. As cooperativas agropecuárias concentram hoje 66% da produção de grãos do Paraná e 45% da produção de proteína animal, com exportações para mais de 150 países.

Segundo Ricken, o ano foi marcado por incertezas. O foco de gripe aviária registrado no País causou instabilidade no mercado internacional de aves e carnes, enquanto as medidas tarifárias adotadas pelos Estados Unidos aumentaram as dúvidas sobre fluxos comerciais. O dirigente avaliou, porém, que esses fatores foram superados ao longo do exercício, em parte pela menor dependência do mercado americano.

No campo, a avaliação é a de que a safra 2025/26 de soja está, de forma geral, bem plantada, apesar de ocorrências pontuais de granizo e tempestades. “A safra está muito bem plantada na agropecuária. Dá para imaginar que vamos ter um volume de produção importante”, afirmou Ricken. Segundo ele, esse cenário permite ao setor iniciar 2026 em condições produtivas mais favoráveis.

As cooperativas paranaenses reúnem 238 mil agricultores, dos quais 82% têm menos de 100 hectares. Esse perfil encontra no cooperativismo acesso a crédito, industrialização e canais de comercialização. Atualmente, as cooperativas de crédito respondem por mais de 50% dos financiamentos agrícolas do Plano Safra no Paraná, participação que cresceu de forma expressiva nos últimos anos.

A estratégia de agregar valor avançou em 2025. Cerca de 50% dos grãos recebidos dos produtores já passam por algum tipo de processamento industrial. As cooperativas mantêm 157 agroindústrias em operação no Estado, com outras dez em construção. “Metade do cooperativismo agropecuário hoje já é agroindustrial. Ainda bem que falta fazer a outra metade. O potencial de crescimento que temos é muito grande”, disse.

As exportações das cooperativas agropecuárias somaram US$ 8,4 bilhões em 2025. O processo de certificação avançou, impulsionado pela homologação dos Cadastros Ambientais Rurais (CAR), que vinha enfrentando atrasos. “A vantagem de uma cooperativa é que a gente sabe de onde o produto é originado. Essa garantia de origem representa valor”, afirmou Ricken.

No mercado externo, a leitura é a de que a demanda internacional por alimentos permanece elevada e o Brasil consolidou posição como fornecedor estratégico. “O mundo precisa de comida. Não tenho dúvida nenhuma de que as cooperativas estão super preparadas para isso”, disse. Esse ambiente deve sustentar a continuidade do Plano Paraná Cooperativo, que projeta faturamento de R$ 300 bilhões até 2027 e R$ 500 bilhões até 2030. Em 2015, quando o plano foi iniciado, o faturamento anual era de R$ 50 bilhões.

O principal desafio permanece sendo a infraestrutura logística. O crescimento da produção e da agroindustrialização pressiona os sistemas rodoviário, ferroviário e portuário. Ricken destacou que o anel de integração rodoviária do Paraná está licitado, com previsão de duplicação completa em oito anos, mas ressaltou a necessidade de avanços no modal ferroviário. “Não dá para imaginar que 84% do nosso transporte seja rodoviário. Transportar produto com valor menor agregado tem de ter ferrovia”, afirmou.

Para 2026, o dirigente reconhece que o ambiente segue exigindo cautela, com juros elevados e riscos geopolíticos, mas avalia que o cooperativismo entra no novo ano mais preparado. “Acho que vamos ter um 2026 maior do que 2025”, concluiu.

Contato: gabriel.azevedo@estadao.com

Veja também