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Toky chega a acordo com credores e vai fechar 2025 com R$ 227 milhões a menos em dívidas

29 de dezembro de 2025

Por Altamiro Silva Junior

São Paulo, 29/12/2025 – A Toky, que controla a Mobly e a Tok&Stok, encerra 2025 com uma redução de dívida de R$ 227 milhões, após conseguir acordos com dois credores, a Domus Aurea e nesta segunda-feira com a gestora SPX. O próximo passo para 2026 é finalizar o acordo com os bancos.

Sem acertos com os credores, a dívida da Toky terminaria 2025 em cerca de R$ 780 milhões. Após as conversas com a Domus e a SPX, a companhia conseguiu reduzir esse montante para R$ 553 milhões restantes. Desse valor, por volta de 80% são de dívidas com bancos, renegociação que está em curso, e o restante com a família fundadora da Toky&Stok.

O CEO da Toky, Victor Pereira Noda, conta que desde março deste ano vem conversando com todos os credores para conseguir reduzir o endividamento alto da empresa. “Já conseguimos uma redução grande da dívida. Tiramos esse endividamento do balanço”. Assim, nos dois casos até agora, a dívida deixa de existir no balanço da companhia e foi trocada por ações, com emissão de novos papéis.

Com a SPX, que tinha, por meio de fundos, R$ 153 milhões em debêntures da empresa, que eram conversíveis em ações, a Toky anunciou em fato relevante nesta segunda-feira um compromisso de que a gestora só vai poder vender até R$ 60 milhões das debêntures para outros fundos, que poderiam converter os títulos em ações ao preço de R$ 1,00 por ação. Além disso, estes fundos compradores precisam estar alinhados com a reestruturação da dívida da empresa, apoiando o movimento.

Há ainda um compromisso da SPX de não vender as ações, o chamado lock-up, até o final de abril de 2026 ou até terminar a reestruturação em curso com os bancos. Esse ponto foi uma forma encontrada pela Toky para dar segurança ao mercado de que o acerto com credores vai ser concluído.

Com a Domus, que também tinha debêntures conversíveis, foi fechado um acordo há pouco mais de um mês, em que a Toky conseguiu reduzir R$ 70 milhões em dívidas em troca de R$ 25 milhões em ações. A Domus passou a ter 8% do capital do grupo.

Na média, considerando os dois acordos fechados até agora, o desconto na conversão da dívida em ações ficou em 55%. Além disso, o movimento é visto como defesa para eventuais tentativas de aquisição hostil da Toky, pois os atuais acionistas e os novos fundos teriam participação relevante para barrar investidas do tipo.

Os acertos com os credores vêm em meio a um questionamento da gestora Buriti Investimentos, que entrou com pedido na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para uma investigação na Toky, alegando que o comando da holding tem falhado no processo de reestruturação financeira e operacional e que o movimento de conversão das debêntures em ações vai resultar em “ultra diluição” dos acionistas minoritários.

A Buriti Investimentos vem comprando as ações da Toky no mercado há cerca de 3 meses e tem 7,9% do capital, já com um membro no conselho. A visão no mercado é de que a intenção da gestora é assumir o controle do grupo. Na semana passada, a Buriti pediu a convocação de uma assembleia para a destituição do conselho da Toky e eleição de novos membros.

O papel da Toky acumula queda de 47% em 2025, negociado hoje a R$ 0,83. A varejista é avaliada em R$ 116 milhões.

Procurada sobre a denúncia da Buriti, a CVM disse que não comenta casos específicos.

Contato: altamiro.junior@estadao.com

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