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8 de dezembro de 2025
Por Luci Ribeiro
Apenas dois dias depois de anunciar que seria o “nome do pai” nas eleições presidenciais de 2026, Flávio Bolsonaro já admitiu, neste domingo, 7, que talvez não siga até o fim com sua candidatura. A rapidez com que recuou – ou, ao menos, relativizou o próprio anúncio – confirma exatamente o que diversos analistas, aliados e adversários alertaram ainda na sexta-feira, 5: a indicação tinha cheiro de balão de ensaio, uma jogada para medir reações, testar o ambiente e, sobretudo, criar margem de negociação.
Mas a hesitação exposta tão cedo revela algo maior: um bolsonarismo sem bússola, desorientado desde que seu líder máximo foi excluído do jogo político ao ser condenado e preso pela participação na trama golpista. Sem Jair Bolsonaro, o movimento se vê obrigado a improvisar, muitas vezes de maneira atabalhoada, personagens e narrativas que tentem preencher o vazio deixado com o “escanteamento” do “mito”.
Na conversa deste domingo, um jornalista mal perguntou se a candidatura dele era para valer, e o senador já emendou: “Olha, tem uma possibilidade para eu não ir até o fim, eu tenho um preço para isso, eu vou negociar”.
A frase expõe duas fragilidades simultâneas: a política – ao revelar insegurança e falta de estratégia – e a retórica – ao admitir, sem filtros, que a pretensa candidatura pode ser usada como moeda de troca.
Quando se especulou se esse “preço” seria a anistia para o pai, Flávio completou: “Tá quente, tá quente. Está começando a ficar quente”. E em outro momento da fala com a imprensa, reconheceu: “Não é só isso, não, mas tá indo bem”.
A naturalidade com que verbalizou algo tão grave – a ideia de condicionar um processo eleitoral a negociações sobre anistia para crimes – não só demonstra despreparo, mas beira a confissão involuntária de que a candidatura, desde o início, não tinha densidade. Era um instrumento, não um projeto.
É o típico erro de iniciantes: queimar largada. Isso não funciona em atletismo, em natação e tampouco na política, em que a construção de narrativas, apoios e timing é fundamental. Ao anunciar tão cedo – e tão mal – o caráter negociável de sua presença na disputa, Flávio Bolsonaro escancarou vulnerabilidades e abriu espaço para que outros atores, especialmente do Centrão, capitalizem sobre o momento.
E é justamente aí que outro elemento se revela: a movimentação para pavimentar o caminho do atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como o candidato natural da direita institucional, do mercado financeiro e das forças que desejam um bolsonarismo “domesticado”, sem Bolsonaro e com maior capacidade de diálogo. O próprio Flávio, talvez sem perceber o quanto se enfraquecia ao fazê-lo, “pensou em voz alta” e demonstrou essa inclinação ao afirmar: “Para mim, o Tarcísio é o principal cara do nosso time hoje”.
Esse conjunto de declarações, todas dadas em um intervalo curtíssimo, não apenas mostra um Flávio inseguro – quase ingênuo – como também expõe um movimento político desorganizado, que tenta sobreviver a partir de improvisos e negociações de bastidores. Se o episódio era para demonstrar força, revelou exatamente o contrário: fragilidade, confusão e uma liderança que, ao perder sua figura central, ainda não encontrou quem de fato conduza o processo.
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