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Caso Master volta a colocar classificação de crédito do BRB sob pressão, após breve alívio

26 de novembro de 2025

Por André Marinho

São Paulo, 26/11/2025 – A decisão da Moody’s de rebaixar o rating do Banco de Brasília (BRB) confirma a mudança de humor das principais agências de classificação de risco em relação ao banco controlado pelo Distrito Federal. Em outubro, a desistência da compra do Banco Master havia levado Moody’s e S&P a removerem a instituição da observação negativa, diante da visão de que o negócio não iria para frente.

A pressão, no entanto, voltou a se intensificar nos últimos dias, em meio aos desdobramentos da Operação Compliance Zero, que prendeu o presidente do Master, Daniel Vorcaro, e afastou o então CEO do BRB, Paulo Henrique Costa. A Polícia Federal apura possíveis irregularidades na emissão de títulos de crédito falso durante as negociações para a venda do Master.

Já na quarta-feira, no dia seguinte à notícia, a S&P Global foi a primeira das três a reagir às revelações: cortou de B para B- o rating de longo prazo do BRB e o colocou em observação negativa. A justificativa é a de que o caso cria incertezas sobre a gestão de risco e governança. “Não está claro como a investigação se desenrolará e o quanto poderá afetar a reputação, o perfil financeiro, o financiamento e a liquidez do banco”, reconheceu a agência.

Ontem, a Fitch usou argumento semelhante para rebaixar o rating do banco de B- para CCC, que já indica um “risco substancial” de crédito e uma possibilidade “real” de default. Para a classificadora, as investigações podem afetar significativamente o balanço, capitalização e franquia do banco. O episódio aponta “graves deficiências” nas práticas de supervisão e gestão de risco, ressalta.

“A dimensão e a incerteza de eventuais perdas associadas à investigação, juntamente com os processos judiciais e de supervisão em curso, que também envolvem o acionista controlador, aumentam a complexidade, o custo e a sensibilidade política de qualquer possível ação de suporte do governo do Distrito Federal”, alertou.

Já a Moody’s reduziu a nota de crédito de longo prazo em moeda estrangeira de B1 para B3, além de ter colocado o rating em observação para novo rebaixamento. A agência lembra que, como parte do acordo com o Master, o BRB adquiriu a maior parte dos R$ 12,3 bilhões em empréstimos consignados comprados no primeiro semestre. Após identificar descumprimentos em termos contratuais, o BRB pediu a substituição de cerca de R$ 10 bilhões por outros ativos, como empréstimos corporativos e cotas de fundos de investimentos.

O arranjo tende a adicionar risco de concentração ao perfil de qualidade de ativos do BRB, advertiu a Moody’s. “Ao mesmo tempo, a fraca capitalização do BRB, evidenciada por seu índice regulatório de CET1 de 8,1% em junho de 2025, e a baixa rentabilidade recorrente limitam sua capacidade de absorção de perdas”, analisa.

Contato: andre.marinho@estadao.com

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