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Magazine Luiza volta ao radar de olho em juro e estrangeiro, mas ação está muito longe do pico

9 de outubro de 2025

Por Ana Paula Machado e Mateus Fagundes

São Paulo, 09/10/2025 – A aposta de que os juros podem não demorar a cair no Brasil, a rotação global de investidores e a percepção de um momento operacional positivo estão por trás do movimento que colocou a Magazine Luiza como “queridinha do mercado” recentemente.

A empresa segue muito distante do seu auge, em novembro de 2020, quando seu valor de mercado ultrapassou o do Bradesco. Só que nas últimas semanas, o papel voltou a se destacar.

O gatilho para o impulso da cotação da companhia veio após a divulgação do último balanço, há exatos dois meses. Desde então, o papel saltou 22%. No mês de setembro, foi a ação que mais subiu dentre as integrantes do Ibovespa, com avanço de 17%. No ano, os ganhos chegam a 44%.

A despeito de a linha final ter mostrado prejuízo líquido contábil de R$ 24,4 milhões, os números do segundo trimestre apontaram resiliência na geração de receita e Ebitda em alta. Somado a isso, o processo de desinflação da economia brasileira e o debate sobre o momento de queda da Selic fizeram a empresa “virar a chave” e reconquistar o mercado.

“O caixa operacional de R$ 597 milhões no segundo trimestre dá uma gordura e, mesmo com o cenário adverso, atrai os investidores”, diz Fábio Lemos, da Fatorial Investimentos.

O analista destaca que a Magazine Luiza teve um início de ano mais conturbado, uma vez que ainda herdava o mau desempenho de 2024 no cenário de Selic alta e sem perspectiva de arrefecimento dos juros.

A ação da companhia chegou a valer R$ 5,54 no dia 14 de janeiro, na mínima do ano até agora. Em agosto, as expectativas de corte de juros no Brasil e redução imediata nos Estados Unidos tomaram conta do mercado. Taxas menores tendem a reduzir as despesas financeiras da companhia, um ponto de atenção dos balanços recentes de varejistas.

Com a melhora do sentimento do mercado, a cotação da Magazine Luiza ganhou fôlego – e a perspectiva é ainda mais positiva.

Hoje, a relação preço da ação pelo lucro (P/L) da Magalu está em 21,3 vezes. Mas, em 2020, no auge da pandemia, ela negociava a 475 vezes, em 2021 a 150 vezes e no ano passado 16,8 vezes. “E se entregar crescimento e rentabilidade neste segundo semestre e no próximo ano, pode voltar a negociar em múltiplos mais altos, destravando valor”, ressalta Lemos.

“Com caixa sólido e endividamento controlado, Magazine Luiza tem espaço para atravessar o curto prazo”, acrescenta.

Gringo de olho

Outro fator que tem ajudado na performance da Magazine Luiza é a vantagem de ser um papel com boa liquidez. Dentre os papéis do setor de consumo no Ibovespa, a ação não raro aparece entre as que têm mais negócios na B3.

Essa característica chama a atenção em particular do investidor estrangeiro, quando este decide diversificar sua carteira para além dos papéis de blue chips com ações mais ligadas ao ciclo interno de consumo, uma aposta em momentos de expectativa de queda de juros.

“O rali estrangeiro veio recentemente de forma bastante heterogênea. Assim, o que é mais líquido tem subido mais”, afirma o gestor de renda variável da Nero Capital, Daniel Utsch.

Para o especialista da Valor Investimentos, Virgílio Lage, o fator rotação global de investimentos pode explicar a preferência do papel dentre outros no Ibovespa. “A expectativa de queda de juros e o fato da empresa ter se recuperado no marketplace têm atraído a atenção dos investidores.”

No segundo trimestre, as vendas do e-commerce da Magazine Luíza foram de R$ 10,6 bilhões, sendo R$ 6,5 bilhões de estoque próprio e R$ 4,1 bilhões do marketplace. Já o desempenho das lojas físicas somou R$ 4,7 bilhões no trimestre.

“Compras online e o marketplace são bem relevantes para a companhia. Além disso, dentre os seus pares, a Magalu é mais eficiente em matéria de dívidas, logística e e-commerce”, afirma Lage.

Contatos: ana.machado@broadcast.com.br, mateus.fagundes@broadcast.com.br

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